Ouço Vozes
Grupo de escuta e escrita para
profissionais da saúde
Para quem?
- Profissionais da saúde, de todas as áreas, que desejam aprimorar a escuta.
- Pessoas que queiram experimentar a escrita como atividade corporal e de grupo.
- Pessoas que desejam se aproximar do Processo Formativo.
Pré-requisitos
- Estar envolvido em um projeto de escrita, que pode ser um diário de campo, uma dissertação de mestrado, um trabalho de conclusão de curso ou um livro com produção individual ou coletiva.
- Conhecer o livro Ouço Vozes – Escuta, Registro de Diálogos e Epifanias no Acompanhamento Terapêutico (ed. Oraggio/Colmeia). Disponível para venda no link: http://goo.gl/3gn6CQ
Propósitos
- Vencer a página em branco
- Reconhecer a escuta e a escrita como atividades corporais.
- A partir das demandas do grupo, aprender a transformar um registro clínico, um diálogo, uma articulação de autores em uma narrativa fluida.
- Exercitar a criatividade, a oralidade, a prontidão.
- Descobrir a “voz” de cada autor em sua plena singularidade.
- Produzir uma publicação coletiva, com textos produzidos no curso.
Método
- Com base no Processo Formativo (Keleman/Favre), a cada encontro realizaremos práticas para reconhecimento do pulso e ativação de mapas neurais que favoreçam o aprimoramento da escuta e da escrita.
- Interlocuções entre os participantes serão estímulo para produção de textos.
- Conhecer autores e estilos literários que facilitam a escrita na área da saúde.
- conhecer os tipos de registro de diálogos, ideias, articulações.
- Conhecer as etapas da produção editorial.
Quem Propõe
Liliane Oraggio é terapeuta e escritora. Autora do livro Ouço Vozes – Escuta, Registro de Diálogos e Epifanias no Acompanhamento Terapêutico (Ed. Oraggio/Colmeia). Nos últimos nove anos acompanhou os Seminários do Laboratório do Processo Formativo, como aluna, assistente e escriba de Regina Favre. A partir desta prática, desenvolveu o método REII – Registro Imediato Interativo de captação e documentação de diálogos e descrições corporais. Com Regina Favre, coordena o grupo de supervisão “Lógica dos Corpos em Presença”, para profissionais da saúde.
É terapeuta corporal no Laboratório do Processo Formativo e Acompanhante Terapêutica focada na restauração da autonomia para pessoas em tratamento psiquiátrico.
Jornalista, bacharel em comunicação social pela PUC-SP, trabalhou 25 anos em redações de telejornalismo e revistas de grande circulação. Especializou-se em temas do Comportamento Feminino (família, relacionamento, sexo).
Atualmente, além do trabalho clínico, está à frente da Oraggio Editorial, responsável por publicações biográficas e outras que priorizam depoimentos em primeira pessoa. Na Literatura Infantil, publicou Min e o Tudo de Novo (Ed. Pólen).
Início: 15/03/2018
Duração: 10 encontros, sempre às quintas, das 19h30 às 21h30
Investimento: R$ 290,00 por mês
Inscrições: pelo telefone 11-991167091 ou e-mail loraggio@gmail.com
Local: Laboratório do Processo Formativo
Corpos na multidão, medusas nos mares, bombas pulsáteis: uma incursão no campo corporalista
Regina Favre
para revista IDE da Sociedade Brasileira de Psicanálise no número 61 dedicado ao tema do Corpo
1. A trilha
Os saberes e as práticas do corpo subjetivo, tais como os concebemos hoje, estão enraizados na Europa do século 19, como um subproduto da sociedade industrial. O modo de produção que remodelou completamente as tradições culturais e artísticas, as concepções filosóficas e científicas, a linguagem, os valores, a aparência das cidades, ruas, casas, seus interiores, exigiu um grande esforço dos corpos para que produzissem e assimilassem essas realidades. Em meio a transformações de poderes, sentidos, tecnologias, velocidades, modos de produção e distribuição do dinheiro, noções e práticas que diziam respeito à autorregulação e autonomia dos corpos, estavam prontas para aparecer e urgiam ser formuladas como um antídoto dos primeiros sinais do estresse da cultura e das novas doenças emocionais. Não apenas técnicas, mas métodos refletem as diferentes perspectivas do corpo necessitando regular-se.
Rompendo os limites dos ambientes acadêmicos e médicos, pesquisas e vivências conduzidas por indivíduos ou pequenos grupos independentes, resistentes ao modelo corporal rígido imposto pelo poder disciplinar em seu apogeu da 1ª Guerra, foram fundamentais para o desenvolvimento de práticas e posteriores teorias corporais que moldaram essa nova cultura, entre os anos 1920 e o final da 2ª Guerra.
Para esses jovens precursores, urgiu permeabilizar seus corpos num exercício de assimilação do acontecimento em curso, gerando adaptações através de uma pedagogia corporal. Esse deve ser considerado o marco zero no modo de subjetivação do corpo da futura cultura que viria a afetar todos nós. Escapando da destruição que se avizinhava e atraídos pela promessa da democracia na América, esses pioneiros europeus migraram para um ambiente onde essa cultura encontraria acolhimento na tradição do pragmatismo e nos valores do corpo e da vida natural celebrados pela literatura, pela disciplina religiosa e, principalmente, pela imensa prosperidade do pós-guerra.
É emblemática a foto de John Dewey, o filósofo do Pragmatismo, nos anos 1940, tendo sua cabeça manipulada por Matthias Alexander, o criador do Método Alexander de organização postural.
Floresceu, então, nos Estados Unidos dos anos 1950, associada às filosofias sociais da época, uma cultura que continua se expandindo, mas sobre a qual se deve fazer uma continua operação crítica para que se possa utilizá-la. Naquele momento, também a cultura americana apontava para sua expansão planetária.
A economia do pós-guerra e a modelagem serial dos corpos se fizeram juntas. “Os Estados Unidos descobrem que para transformar a máquina de guerra em uma economia viável e desviar da Grande Depressão, que ainda pairava sinistramente sobre a memória das pessoas, o capitalismo do século 20 deveria se basear num movimento contínuo de produção e consumo, dependente de produzir e vender produtos, bens, serviços e experiências, não-essenciais e obsolescíveis que para serem adquiridos, a poupança dos consumidores jamais seria suficiente, portanto, inventa-se, também, o crédito fácil. Consumir e não poupar, permitir-se e não sacrificar-se, tornou-se o estilo dominante”.
Instalou-se uma pedagogia midiática em que cabe ao rádio, às revistas, aos jornais e à televisão, o ensino do manejo de vidas e finanças. Uma nova configuração de si, “científica”, moderna e saudável, vinha a galope.
Nicolau Scevcenko descreve por quais caminhos essa força chega ao Brasil e passa a modelar também nossos corpos e vidas. “Com o colapso da indústria européia de cinema, os Estados Unidos herdaram tudo, construindo um monopólio de produção, distribuição e exibição mundial. E com o surgimento do cinema falado e os aumentos dos custos de produção, os pequenos estúdios foram à bancarrota e, apenas, as grandes corporações de Hollywood sobreviveram. O sistema de estúdios otimizou e reduziu os custos de produção e na sua contrapartida promocional, criou o mito das estrelas. Hollywood espalhou, a partir daí, como um dogma, o padrão de beleza que se tornou a alavanca principal de novos hábitos de consumo e estilos de vida, identificados com o american way of life, maximizando as técnicas revolucionárias de comunicação visual: close-ups, efeitos emocionais de ritmo, som, música, expressão facial e corporal, o glamour da juventude, as coreografias atléticas, as maquiagens, os penteados, o guarda-roupa, os cenários e, mais do que tudo, o poder esmagador do sex-appeal, tudo isso aparecendo numa tela colossal, que irradiava seu brilho prateado e hipnótico na escuridão do cinema.” (Sevcenko, 1998, p. 513).
Mas essa versão glamurosa internacional da modelagem cinematográfica dos anos 1950 cobiçada por todos, antes mesmo dos anos 1960, já começava a ser superada por outro produto que se espalhava: o novo perfil subjetivo do rebelde que não deseja aquela vida de seus pais, modelada pelos valores e comportamentos protestantes da sociedade de consumo. Urgia desconstruir o corpo rígido do herói americano, quase nazista, tão bem descrito por Philip Roth em Complô contra a América (2005). A essa altura, W.Reich já se encontrava no Maine influindo sobre A.Lowen e J.Pierrakos que serão os patriarcas das psicoterapias corporais no Novo Mundo.
Da arte e da dança moderna, do modo de representar do Actor’s Studio, da literatura beat para a cultura do rock, para os movimentos feminista, hippie e psicodélico, para rebeliões estudantis de 1968, para a contracultura, para a cultura alternativa, foi um pulo. Entre os jovens, outro modo de conceber o corpo e novas práticas de si passam a ser desenhadas. E, nessa onda, os humanistas imigrados para a América desempenham importante papel na desconstrução dos usos de si, desvalorizados por essa geração e na composição de novos corpos. Turmas e amigos se agregam, sobretudo em Nova York, o melting pot, no cultivo desses modos de se relacionar, trabalhar, comer, viver, fazer sexo e, mais adiante, conceber família, gênero, dinheiro, educação, raça, cultura, política e poder.
Movida pela mesma fé na mudança, na aventura e no desafio de si, essa cultura corporal remodelada foi exportada para a Europa nas rotas do nomadismo da juventude americana, de encontro às idéias libertárias de W. Reich, que já produziam frutos. Nessa hibridação, modos coletivos de viver e fazer, expressões culturais e artísticas, comunidades urbanas e rurais, personal-development centers, psicoterapias, práticas corporais, projetos sociais e ativismo político proliferaram. Ideias, estratégias de vida e comportamentos americanos passaram por uma multiplicação espantosa, deram essa volta pela Europa e, nos mid 70s , chegaram até nós. Por toda parte, um ideal de um mundo, dito alternativo, que influenciaria de fora para dentro o “sistema”, animava os corpos.
No Brasil, desde os anos 1960, o Tropicalismo, como movimento artístico, literário, musical e político, expressava a urgência de espanar o pó das nossas tradições agrárias e conservadoras “caminhando contra o vento, sem lenço e sem documento”, incorporar nosso recente desenvolvimento industrial, reformatar os corpos e absorver a realidade mundial que “explode nas bancas de revistas” (Veloso, Alegria Alegria, 1967). Levantavou-se aqui também uma força desconstrutora e proliferante. Com a atmosfera letal das ditaduras latino-americanas, muitos brasileiros tornaram-se política ou existencialmente exilados. A afinidade com nossa necessidade, nos permeabilizou e atraiu para esses movimentos que se expandiam, sobretudo, nessa London London (Veloso, London, London, 1971) solo fértil para novos padrões de comportamento, onde a nova cultura do corpo vicejava.
Em 1975, pessoas marcadas por essa experiência, ao voltar para o Brasil, participaram da fundação do primeiro curso de psicoterapia corporal Gestalt Reich, no Insitituto Sedes Sapientiae. Já no início dos anos 1980, em busca de formação profissional, alguns grupos podiam ser vistos no Brasil trazendo terapeutas internacionais para ministrar workshops. E, até o fim da década, em sintonia com o capitalismo de mercado que já se estabelecera, um número crescente de pessoas ligadas a essas escolas autorais, americanas e inglesas, já formatadas como empresas de formação profissional neo-reichiana, se apresentavam instituídas por aqui.
Essas ideias e práticas fizeram sentido no Brasil de um modo peculiar e em condições muito diferentes das que constituíram seu solo original, num primeiro momento, se juntando às forças que, culturalmente, combatiam os efeitos destrutivos da Ditadura nas vidas e corpos das pessoas. É bem conhecido como um certo tipo de psicanálise engajada argentina, trazida por Emílio Rodrigué e, a seguir, pelos fundadores do curso de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, convidados por Regina Chneiderman, desempenhou um papel importante, acolhendo em seus divãs a recém-nascida cultura reichiana. Assim, compreende-se, que, dada essa afinidade, o reichismo que inicialmente vingou no Brasil foi o da “Análise do Caráter” (Reich, 1933), em suas variações, considerado nos anos 1930, um avanço político e metodológico. Embora J. A. Gaiarsa, inimigo declarado da psicanálise e de grande acesso à mídia, tenha tido papel importantíssimo na criação de um campo em que toda uma geração foi introduzida a uma cultura reichiana despsicanalizada, o primeiro grande esforço assimilativo no campo psicoterapêutico corporal brasileiro, dos anos 1970, foi a busca de uma estruturação teórica de respeito face a cultura psi pré-existente. Tentava-se assimilar uma base psicanalítica para a prática neo-reichiana, buscando encaixar noções tais como id, ego, superego, inconsciente e transferência. Entretanto, o corpo, em sua potência e maravilha, permanecia intocado teoricamente.
No mesmo início dos anos 1980, a visão da nova subjetividade do capitalismo contemporâneo, trazida da França por Suely Rolnik e Félix Guattari, contaminava muita gente com um sentimento de uma nova vida se fazendo. Os saberes não mais encerrados na Academia estavam se tornando pop. Portanto, mesmo que não se mergulhasse na leitura do Anti-Édipo (Deleuze & Guattari, 1972), respirava-se uma nova realidade emergindo, uma nova alegria, novos ares, junto com o fim da Ditadura e o nascimento do Partido dos Trabalhadores (PT). O novo capitalismo, com o fim da Guerra Fria, quebrava fronteiras nacionais e começava a operar como Capitalismo Mundial Integrado (CMI) na formulação de Guattari. Revelou-se, imediatamente, que isso exigia novas teorias e práticas do corpo. A narrativa familiar como pano de fundo das nossas vidas, evidenciava-se como uma pequena parte da narrativa histórico-mundial e a história social ganhava seu papel na hermenêutica da Subjetividade.
Uma certa visão de corpo subjetivo no capitalismo industrial e seus efeitos, tinha sido descrita por Reich, que foi absolutamente inovador ao relacionar com a repressão sexual a adaptação de indivíduos ao autoritarismo da vida fabril, escolar, religiosa e familiar. O reinvestimento da libido na formação caracterológica com o comprometimento do reflexo orgástico – a neurose, era, para ele, a força motriz da sociedade industrial em que se produzia um forma corporal rígida, reprodutora do padrão de funcionamento autoritário aliado do Estado fascista. A dissolução da couraça muscular do caráter, deveria ser o foco das atenções, política e clínica, àquela altura da história. Mas era evidente, que deveria haver outra resposta bem diferente, já pressionando por formulação e invenção, que dissesse respeito ao modos de usar o patrimônio biológico e modelar vidas nessa nova realidade mundial que se anunciava (Guattari & Rolnik, 1986).
Na nova forma tomada pelo capitalismo (CMI), a coexistência com os modelos familiares certamente prosseguia, mas a estruturação do sujeito passava a ser regida por forças mais amplas. Com a nova conjunção de interesses de mercado e de grandes corporações, agora fundidas internacionalmente, não mais a “repressão”, mas a “falta” passa a ser central, para a geração do lucro. Tornava-se necessário, então, sensibilizar-se para a nova estratégia, não mais autoritária e repressiva, mas sedutora e convidativa do capitalismo de mercado. Nesse momento, tratava-se de lidar com um astucioso combinado da estimulação da falta perpétua com a oferta simultânea da ilusão de completude. As imagens veiculadas pela mídia passaram a desempenhar o papel principal nessa nova operação.
Mais adiante no final dos anos 1990, a ideia de Multidão (Negri & Hardt, 2004), até hoje invísivel para um grande número de pessoas, foi trazida pelos autonomistas italianos que aportaram no Brasil, descortinando a nova realidade do mundo já inteiramente globalizado. Compreender-se como corpos na multidão dava sentido para experiência da vida, agora, molecularizada, fragmentada, em luta por auto-organização e conectividade, organizando-se em modos minoritários de existência e trabalho, cada vez mais desvinculados das hierarquias, do emprego e das famílias – que, é o grande desafio da década corrente.
Com essa compreensão, tornou-se possível não se culpabilizar nem se ver fracassando, mas, apenas, entender a urgência de uma nova estratégia social e corporal para que fosse efetuada a luta que se apresentava. A velocidade imprimida pelo capitalismo evidenciava os corpos e seus mundos formando-se e reformando-se. Como em um filme acelerado, enxergavam-se os padrões de subjetivação modelados pela mão do mercado, dentro de um interjogo de poderes, valores e interesses comerciais. Essa era uma enorme revelação, mas prosseguia a necessidade de um conceito de corpo enquanto processo biológico autopoiético, tal como pedia a proposta de Guattari, que viesse acompanhado de uma prática intimamente conectada com o processo de produção de corpo nesse novo quadro.
2. A busca
Neste momento , faz-se necessário mudar o eixo da narrativa. É à primeira pessoa que pertence a continuidade deste artigo.
Com o recém-publicado “Emotional Anatomy” (Keleman, 1987), precisamente em 1987, redescubro seu autor Stanley Keleman que me escapara na década anterior e me aproximo de seu conceito de Processo Formativo. Finalmente, eu podia acessar um conceito visual e encarnável do corpo como um processo que se estendia desde os primórdios da biosfera, continuamente produtor e produzido por processos físicos e sociais, canalizando-se e secretando-se a si mesmo, gerando, dando forma e sustentando corpos e ambientes como uma resposta a necessidade inata dos corpos, de conexão e forma. O discurso de Keleman, um pensador contemplativo ocidental de tradição pragmatista e darwinista, me arrebatou.
Stanley Keleman é um autêntico fruto da cultura do corpo novaiorquina dos anos 1950 e portador da marca do Instituto Esalen, comunidade aberta no paraíso da Costa Oeste americana, onde viveu e trabalhou, na década que foi o auge da produção desse amálgama de ciência, espiritualidade, ecologia, Bodywork e Gestalt, conhecido como Movimento do Potencial Humano. Nos anos seguintes, mergulhado nas raízes heiddegerianas dessas ideias na Europa, formatou uma síntese que leva o nome de Processo Formativo. Em seu regresso, nos anos 1970, instalou seu Center for Energetic Studies em Berkeley (CA), onde prossegue, sempre independente, produzindo pesquisa, terapia, ensino e publicação.
Na largueza da expressão de seu pensamento, identifiquei algo comparável à visão ética-estética-política-clínica de Deleuze & Guattari que vinha contaminando o Brasil.
A atração pelo Processo Formativo não apenas se deu por conta da minha insatistação com a aplicabilidade das cartografias reichianas, para essa nova problematização da subjetividade corporificada que se apresentava, mas, sobretudo, pela impossibilidade que encontrei de produzir uma operatividade corporal a partir de conceitos agenciados por Guattari, sobretudo o de Autopoiese. Esse conceito foi criado por Francisco Varela e Humberto Maturana, na década de 1970, para designar a propriedade de autoconstrução do vivo. Esse descompasso me manteve atenta ao que pudesse surgir no horizonte americano. Meu foco, então, sobre Keleman foi mais do que certeiro.
Logo comecei a me corresponder com ele, a cuidar da tradução de seus livros, e, finalmente, em 1992, a freqüentar seus workshops em Berkeley (CA). Esse contato intensivo durou 15 anos, tempo suficiente, sempre honrando as forças Tropicalistas, para devorá-lo e assimilá-lo. Sem dúvida, também, a experiência como analisanda em divãs acolhedores, ao longo de todos esses anos, veio me desafiando e permitindo organizar um funcionamento criativo da mente, o que muito facilitou, e facilita, elaborar e trilhar caminhos difíceis com autonomia.
3. Keleman
O corpo como um processo formativo foi um achado clínico e filosófico fundante. Keleman, com sua linguagem biológica contemplativa, me arrastava para o caldeirão da vida se fazendo. Dava corpo ao espírito de imanência presente no pensamento de W. James e central na proposta micropolítica de Guattari, que, com seu claro tom de manifesto, formatara, definitivamente, minha responsabilidade com a produção do mundo. Ao descrever, a sinfonia das nossas vidas se formando como sistemas, dando continuidade ao modelo do unicelular, dentro dessa manta viva chamada biosfera, Keleman mostrava, com palavras e imagens, como cada corpo em particular faz, também, o mesmo que a biosfera: estende-se, recolhe-se, forma sub-organizações.
Eu reconhecia esse olhar, lisérgico e búdico, já encontrado, anteriormente, na contracultura, com Aldous Huxley, Timothy Leary, Fritjof Capra e toda uma geração de pioneiros americanos que apontavam a prática meditativa como instrumento para a captação da realidade se fazendo.
O expandir e contrair da superfícies corporais dessa bomba pulsátil é o modo pelo qual, afirmava Keleman, cultivamos conexões com o mundo e formamos conexões internas de subsistemas do self. Somos móteis e pulsáteis desde o unicelular e a Evolução, diz ele, nos dotou de um sistema cortical voluntário que mobiliza o pulso vivo do corpo. Mais conexões sinápticas podem se fazer, assim, dando prosseguimento ao trabalho auto-produtivo do vivo. Os corpos são vistos como learning-systems, portanto.
Para Keleman, essa ação de continuidade, natural da Evolução, deve ser feita intencionalmente por meio Prática de Corpar. Nela “o esforço voluntário cortical-muscular estimula o crescimento de axônios e vai formar uma estrutura conectiva, as sinapses, conectando a parede do corpo ao córtex.” (Keleman, 2007). Esse é o método preciso para organização da experiência individual e produção de diferença nas formas somáticas, desenvolvido por Keleman como a contrapartida pragmática de sua filosofia. Nessa prescrição, ressoando com a meditação cultivada pelos físicos quânticos, aparece uma prática. A Prática de Corpar, como descreve Keleman no artigo The Metodology and Practice of Formative Psychology (2007), é uma forma de meditação ativa ocidental, que se aplica sobre histórias, vidas, personagens, comportamentos e sentimentos, extraindo delas mais vida com as forças e propriedades da Evolução.
A cooperação íntima entre cérebro e músculos mostrava-se, portanto, como uma chave de valor inestimável que poderia abrir portas para a compreensão e o manejo da produção dos corpos dentro da nova estratégia do mercado, esse devorador da diferença. A descrição fina das ações que compõem a prática intencional do Processo Formativo do corpo, era puro ouro para ser aplicado micropoliticamente na realidade dos anos 2000.
Com o exercício do gerenciamento do sistema voluntário sobre o involuntário das respostas somáticas, cultivam-se e modelam-se adaptações finas sobre o corpo do presente, em suas formas de maturação, de identificações sociais, de reflexos de defesa às intensidades intoleráveis, de emoções, de modos vinculares, de secreção de mais corpo.
Em sua obra A Psicologia, de 1892, W. James forneceu uma afirmação que tornou-se central na cartografia kelemanina: os comportamentos antecedem a experiência. E o Darwinismo Neural, de 1992, do conhecido neurocientista G. Edelman, se apresentou também como aliado quando Keleman aplicou o conceito de ‘reentrada neural’ na qual o cérebro mapeia as ações do corpo e edita mapas neurais. Os mapas, na apropriação do comportamento do corpo, conversariam entre si e compartilhariam informação estabilizando novas ações musculares. Usando o processo neural natural, ativado pela Prática do Corpar, recombinam-se e estabilizam-se alterações dos comportamentos na continuidade desse corpo que se autoproduz. Assim, morfogênese e a metamorfose, para Keleman não são limitadas a uma intuição, mas consistem em uma prática inerente à vida que deve ser aprendida e praticada.
4. Intercessores
Esse conhecimento maravilhoso do corpo, embora apontando para o grande oceano comum da vida, não poderia escapar do conflito inerente à tradição individualística americana em que ideias, práticas e narrativas, mesmo as mais libertadoras, são tragadas para dentro do enquadre privado, em que ao corpo cabe apenas ‘tornar-se pessoa’.
Dentro dessa perspectiva que se configurou como mercadológica, escolas, na maior parte pertencentes a autores, se multiplicaram, incluido formações, filiações e direitos autorais, rigorososamente controlados e cobrados. Reafirmava-se, então, a necessidade de uma operação crítica sobre essa política cultural do desenvolvimento pessoal, para que se pudesse usá-la coletivamente em sua riqueza e potencial.
Nas famosas conferências, denominadas The culture of the self, em 1983, pouco antes de sua morte, M. Foucault, coloca o corpo numa imensa rede de saberes e práticas, desferindo um golpe elegante sobre esse olhar individualizante americano, californiano, em plena UCBerkeley. A operação genealógica que aqui também estamos empreendendo, espero que tenha potência para abrir uma brecha por onde poderão passar forças que venham alimentar micropolíticas de multidão. A essa altura, porém, para prosseguir com a tarefa de devolver o corpo ao coletivo, torna-se necessário invocar Antonio Negri, o militante da esquerda italiana radical, para aprender com ele algumas distinções importantes:
- pessoa é uma ideia moderna e multidão, uma ideia contemporânea;
- multidão é um todo de diferenças;
- o pensamento da modernidade abstrai a multiplicidade e transforma a multidão em uma massa homogênea a que chama povo;
- as políticas de homogeneização e hierarquia, são inerentes à modernidade;
- a multidão é sempre produtiva e sempre em movimento, produzindo-se, ao mesmo tempo que produz sociedade em produção;
- a multidão aponta para um modo vincular de cooperação geral, que sustenta a continuidade da produção da realidade.
- nada disso se faz sem luta. (Negri, 2004).
Entender, sentir e fazer essas diferenciações é fundamental. Mas, muita atenção, o terrorismo exercido pelo mercado se dá, podemos perceber com a ajuda de Negri, não mais sobre os corpos isolados, mas pelo boicote da cooperação e, sobretudo, pela exploração das redes que compõem o todo, atacando e moldando a conectividade entre os corpos. Vemos, então, como esse toque muda totalmente a direção por onde prosseguir na elaboração do corpo, clínicas, pedagogias e micropolíticas que protejam sua continuidade formativa.
Para elaborar uma estratégia corporalista útil para o contemporâneo, precisamos aprender a acessar nos corpos, com a ajuda das cartografias do Processo Formativo, os comportamentos de susto e imitação, bem como as propriedades de agregação, conectividade e amadurecimento (Favre, 2011).
Imaginemos susto e imitação se espalhando globalmente, de uma maneira nunca vista, como um vírus, por meio das redes de comunicação, sobretudo, por imagens, sejam informação ou modelos de comportamento, que agora nos envolvem a todos.
Imaginemos, também, que o corpo, que agora existe como multidão, continua sendo o mesmo corpo da Evolução que, para prosseguir canalizando a vida, agora funcionando no modo-multidão, exige manter-se como sempre, agregado molecularmente nas formas que o compõem; mas precisa, também, aprender a modelar-se em comportamentos que o façam parte funcional, produzida e produtora, do acontecimento coletivo. Imaginemos, também, esses corpos crescendo, em seu destino genético, da concepção à morte, desencadeando formas conectivas que vão da fusão à autonomia, da dependência à cooperação.
Vemos nessa cartografia rápida, que, para viver a realidade da multidão no contemporâneo, temos que aprender a dissolver, em primeiro lugar, as formas do susto produzidas pelo mercado da informação. Esse é o ataque do capitalismo às conexões entre o corpos que A. Negri nos faz sentir na pele. Em outras palavras, o reflexo do susto separa os corpos do ambiente. A desagregação promovida pelo reflexo do susto desencadeia em nós o reflexo da imitação. É o animal congelando diante do predador e mimetizando com o ambiente.
O que o mercado oferece para nossa imitação funciona como bordas subjetivas que aparentemente contém a desagregação em curso: modos de relacionar, morar, vestir, pensar, imaginar, amar, desejar, funcionar, produzir, gerar histórias de vida, opiniões, posições políticas que, evidentemente, são uma gambiarra.
Manejar esse dois comportamentos reflexos, é da maior importância. Precisamos aprender, também, a reconhecer e propiciar o amadurecimento vincular dos corpos, para que ocorra conexão efetiva com as redes, locais ou gerais. Os corpos trazem neles a potência de amadurecer da fusão à cooperação. Mas corpos imaturos fundem, dependem, se submetem, dominam, seduzem mas não cooperam.
Praticar a cooperação na producão de mundo deixa de ser uma regra moral e passa a ser o efeito de cuidado com os tempos formativos e os ambientes confiáveis, no formar e no amadurecer dos corpos. Só assim, geram-se as diferenciações potentes que nos conectam funcionalmente aos ambientes da rede global, sejam próximos ou distantes.
5. Na Instalação Didática
Depois de múltiplas experiências, de extensão e retroalimentação de um trabalho clínico e pedagógico com os corpos, passei a dar forma ao Laboratório do Processo Formativo, que começou a existir a partir do ano 2000, em São Paulo, um ambiente tecnológico e relacional, de convívio, estudo e registro simultâneo dos corpos em seu processo contínuo de autoprodução, captados em seu ato de existir e se relacionar com a própria experiência de estudo e manejo de si no ambiente. Nesse espaço, produzo e dirijo uma pesquisa formativa onde os grupos de alunos que se sucedem são sujeitos, agentes e aprendizes. Nesse estudo de conceitos e práticas de si, os corpos são registrados em ato e na simultaneidade, em vídeos, fotos, lousas, cadernos, desenhos, com compartilhamento imediato, em grupos fechados na internet. A invenção de uma estratégia específica e singular de produção e uso de imagens foi o primeiro passo para um trabalho sobre esse corpo contemporâneo em que o poder se expressa, antes de mais nada, por meio das midias de imagem.
Todos esses rebatimentos, que continuam se multiplicando, permitem que nesse ambiente de jogo, emerja uma naturalidade nos corpos, que é, justamente, o material de estudo a ser captado, recolhido, estudado, praticado e, por fim, apropriado como conhecimento, ao mesmo tempo, particular e coletivo. Atualmente, chamo de Instalação Didática esse processo de trabalho com os corpos em seu ato de se produzir.
Porém, tornar evidente a realidade somática em contínua produção de si, ao longo de suas vicissitudes formativas, é uma tarefa que requer um entrelaçamento delicado de linguagens e recursos expressivos.
No site do laboratoriodoprocessoformativo [este site] estão publicados uma série de posts, artigos, fotos e vídeos que mostram a enorme quantidade de elementos necessários para essa pesquisa com alunos e colaboradores. Sem uma estratégia especifica não nos daríamos conta da enorme quantidade de elementos, atividades e condições necessárias para a efetuação de um acontecimento. Se apenas contássemos com o recurso do texto, para descrever alguns momentos dos Seminários de Biodiversidade Subjetiva, enumerando tudo que estivesse ali compondo aquele presente-lugar onde os corpos estavam se formando em tempo real, visível e invisível, precisaríamos da competência de um grande romancista e de uma infinidade páginas.
Descreveríamos o salão de grupo, sua adaptação, os equipamentos, as instalações, as janelas antirruído espelhadas, o chão branco onde as ações normais das pessoas aparecem como esculturas de si, os fios, a iluminação, o grande mundo lá fora constantemente lembrado. Além disso, descreveríamos as ações do câmera, do relator, as cartografias no quadro branco que chamo de ‘ovo’, as formas de exibição no telão, no monitor de televisão e no próprio ‘ovo’, onde as imagens dos corpos podem ser redesenhadas e compreendidas em sua relação forma-função. A internet de onde retiramos os mais variados vídeos de ciência, comportamento, arte, para compor com nosso ambiente cognitivo, os programas de edição que transformam o acontecimento captado em posts de imagem e texto finalizados a serem publicados no site ou que serão editados em hand-outs a serem retrabalhados e multiplicados nos grupos.
Teríamos muito mais trabalho para descrever as captações de imagem e texto, que, mais surpreendentemente ainda, irão alimentar em tempo real os grupos de particpantes em um grupo fechado no Facebook. Nssa camada virtual da Instalação os alunos encontram falas, cenas, fotos, teoria, referências de filmes, livros, autores, bem como diálogos literais e interações somáticas produzindo um espaço grupal como acontecimento (que chamamos também de “aquário”ou “cubo sobre a cidade”). Todo esse material poderá imediatamente ser revisto, estudado e utilizado, graças à agilidade do método REII – Registro Imediato Interativo, desenvolvido por Liliane Oraggio, relatora dos grupos. Por aí, vemos um pequeno exemplo de cooperação produtiva de ambientes e métodos.
Mais do que tudo, jamais seríamos capazes de descrever o que a composição de relações, momentos, falas e ações contam sobre a vida dos corpos ali. Essa estratégia complexa e relativamente barata, enfatiza, como parte da experiencia didática, a evidência de que vivemos e formamos nossas vidas, continuamente, em ecologias e que somos parte não apenas de famílias, mas de redes físicas, afetivas, cognitivas, tecnológicas, políticas, sociais, informacionais. O conteúdo não se separa do vivido, do registrado, das práticas, da própria instalação e das ações que sustentam essa produção do acontecimento-seminário onde os corpos estão imersos. É tudo autoevidente. Esse é o efeito que busco com essa articulação de elementos heterogêneos a que chamo, em homenagem a J. Beuys, de Instalação Didática.
Nesse sentido, mostrar e enfatizar a Instalação Didática – suas mídias e seu agenciamento de recursos que ultrapassam infinitamente o indivíduo – expressa, afeta e ensina tanto quanto as cartografias que conduzem o trabalho filosófico, clínico e pedagógico, em curso.
Para fazer funcionar a instalação é necessário, antes de mais nada, praticar e compreender o corpo como bomba pulsátil, conceito central de Keleman na sua Anatomia Emocional (Keleman, 1985), em que, assim como as medusas, o corpo bombeia-se a si mesmo nos ambientes, bombeando-os. Esse conceito biológico e performativo nos inclui imediatamente na realidade de que somos parte dos ambientes e, não apenas, que vivemos dentro de ambientes.
Aprender a se reconhecer como parte de múltiplas ecologias, saber-se um corpo na multidão, sensibilizar-se para a inteligência coletiva é o passo seguinte. Mas, essas evidências conceituais são refratárias a estratégias iluministas e apenas se deixam ser apreendidas numa captação entrecruzada, num ato de concretude da presença física, como prescreviam os físicos quânticos dos anos 1960. Esse é o pulo do gato.//
Referências
Anderson,W.T. (1983). The Upstart Spring. Lincoln, NE: Addison-Wesley Publishing Company.
Cushman, P. (1995). Constructing the self, constructing America. Menlo Park, CA: Addison-Wesley Publising Company.
Edelman, G. (1987). Neural Darwinism- The Theory of Neuronal Group Selection. Cambridge, MA: MIT Press.
Favre, R. (2010). Trabalhando pela biodiversidade subjetiva. Cadernos de Subjetividade, Núcleo de Estudos da Subjetividade. São Paulo: Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, Pontificia Universidade de Sao Paulo.
Favre, R. (2015). Na Instalação Didática.
Foucault, M. (1983). The Culture of the Self, (https://www.youtube.com/watch?v=F7LW1EWhD5M).
Guattari, F. e Rolnik S. (1986). Micropolítica, Cartografias do Desejo. Rio de Janeiro: Editora Vozes.
A captura dos corpos, o caminhar e a autonomia
Vídeo apresentado por Regina Favre em palestra no evento “Encontros e Atravessamentos entre corpo, tempo e espaço”, coordenado por Edith Derdik no Centro de Pesquisa e Formação do SESC-São Paulo, em novembro de 2016.
PALESTRA:
A captura dos corpos, o caminhar e a autonomia – imagens, conversa e práticas de si.
Hoje, a rede planetária onde nossa vida se dá chama-se mercado. Essa realidade vertiginosa e agressiva do capitalismo contemporâneo nos ameaça continuamente de exclusão. Esse mesmo capitalismo nos oferece modelizações adaptativas aparentemente para evitarmos essa exclusão. Engano. Felizmente, no fundo da nossa realidade, continuamos ser os mesmos corpos de animais marchadores e gregários. Cultivar no corpo esses dons herdados da Evolução, pode ser uma chave de potência, autonomia e a conectividade dentro dessas redes de corpos onde vivemos. Vamos experimentar.
A lógica dos corpos em presença
Um grupo de supervisão clínica, exercícios e estudos formativos
com Regina Favre e Lili Oraggio
O que vamos fazer:
- Falar e ouvir narrativas clínicas
- Estudar cartografias formativas praticadas no Laboratório do Processo Formativo, a partir das narratrivas trazidas pelos participantes
- Praticar o reconhecimento da lógica dos corpos – modos de crescimento, modos de agregação de si, modos vinculares
- Estudar a conversa na clínica
- Aprender sobre as forças emocionais e sociais presentes nos ambientes em que os corpos se formam
- Aprimorar os modos de registrar a prática clínica em texto, foto e video
- Estudar os rebatimentos desses registros no processo terapêutico
Quem é Regina Favre
Filósofa (PUC-SP), Psicoterapeuta Somática, estudiosa e pesquisadora dos processos biológicos e sociais de produção do corpo subjetivo, ensina e pesquisa no Laboratório do Processo Formativo. Tradutora dos livros de Stanley Keleman, introdutora do seu pensamento no Brasil, aplica a matriz kelemaniana da Anatomia Emocional para a vida das pessoas na realidade do mundo contemporâneo. Pioneira das Psicoterapias Corporais no Brasil, produz e publica vídeos e artigos.
Quem é Lili Oraggio
Terapeuta e escritora, nos últimos nove anos acompanhou os Seminários de Anatomia Emocional e Biodiversidade Subjetiva, ministrados por Regina Favre, no Laboratório do Processo Formativo, como aluna, assistente e relatora. A partir desta prática, desenvolveu o método REII-Registro Imediato Interativo de captação e documentação de descrições corporais. Atende em consultório e é Acompanhante Terapêutica. Formada em Comunicação Social (PUC-SP), trabalhou durante 25 anos em redações de telejornalismo e publicações de grande circulação, especializou-se em Comportamento e temas da Psicologia da História Social.
Frequência: Um processo em 10 encontros
Horário: um domingo por mês, das 10h às 14h
Valor: R$ 250,00 (cada encontro)
Vagas: 20 pessoas (desejando um grupo estável)
Pré-requisito: Já trabalhar em clínica terapêutica
Local: Laboratório do Processo Formativo, R. Apinagés, 1100, cj. 507, Perdizes
Inscrições: 3864-5785 ou reginafavre@yahoo.com.br
Datas dos encontros em 2018
29 abril
27 maio
24 junho
29 julho
26 agosto
30 setembro
28 outubro
25 novembro
O quem do paciente, o quem do terapeuta: a lógica dos corpos em presença
um grupo de supervisão clínica, exercícios e estudos formativos
com
Regina Favre e Lili Oraggio
O que vamos fazer:
- Falar e ouvir narrativas clínicas
- Estudar as cartografias formativas
- Praticar o reconhecimento da lógica dos corpos – modos de crescimento, modos de agregação de si, modos vinculares
- Aprender sobre as forças emocionais e sociais presentes nos ambientes em que os corpos se formam
- Aprender produzir somagramas
- Ler em grupo teoria e ficção para nos sensibilizarmos para a vida das pessoas
- Conversar sobre os múltiplos sentidos da relação terapêutica
- Vivenciar e observar intervenções clínicas facilitadoras da aprendizagem e do aprofundamento da grupalidade
- Aprender a reconhecer, assimilar e transfomar a experiência em corpo
- Assistir a videos e estudar papers produzidos por meio dos métodos de registro dos Seminários no Laborátorio do Processo Formativo
- Aprimorar os modos de registrar a prática clínica em texto, foto e video
Proposta: Um encontro mensal, sábado à tarde, com um grupo estável
Datas para o 2° semestre de 2016:
17 de setembro, 15 de outubro, 12 de novembro, 17 de dezembro
Horário: sábado, das 14h00 às 18h00
Vagas: 25 pessoas que já trabalhem com Clínica Psicoterapêutica
Valor: R$ 200,00 reais por encontro.
Onde: Laboratório do Processo Formativo
R. Apinagés, 1100,cj 507,Perdizes
Inscrições: 3864-5785 ou reginafavre@yahoo.com.br
Quem é Regina Favre:
Filósofa (PUC-SP), Psicoterapeuta Somática, estudiosa e pesquisadora dos processos biológicos e sociais de produção do corpo subjetivo, ensina e pesquisa no Laboratório do Processo Formativo, tradutora dos livros de Stanley Keleman, introdutora do seu pensamento no Brasil, aplica a matriz kelemaniana da Anatomia Emocional para a vida das pessoas na realidade do mundo contemporâneo, pioneira das Psicoterapias Corporais no Brasil, produz e publica videos e artigos.
Quem é Lili Oraggio:
Terapeuta Formativa e Acompanhante Terapêutica, pesquisadora e colaboradora do Laboratório do Processo Formativo. Durante as práticas e seminários de Biodiversidade Subjetiva, desenvolveu o Método REII-Registro Imediato Interativo, que facilita a captação dos corpos em interação e do ambiente formativo, incluindo as redes sociais como ferramenta de ensino e aprendizagem.
Atenção básica e a produção do cuidado em rede no município de Santos
Atividades transversais no LEPETS – Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre formação e Trabalho em Saúde – na UNIFESP de Santos.
Com:
- Luiz B.Orlandi,
- Regina Favre
- Virgína Kastrup
Projeto SOS_TO 2016
PROjeto SOS_TO 2016
o CORpo a criAÇÃO o CONHECImento
a FORMAção a LUTA
a VIDA de TO
Mari Quarentei e Regina Favre
convidam para a retomada do projeto SOS-TO.
Continuamos no desejo de produzir conhecimento com o grupo, a partir da experiência da vida de TO, num ambiente de aprendizagem onde modos de transmissão e apropriação dos saberes se façam via ensinar, praticar, compartilhar, cuidar, acompanhar, cartografar e supervisionar.
Afirmamos a importância de um corpar conceitos
e de um fazer terapêutico ocupacional utilizando cartografias e metodologias do Processo Formativo e da Esquizoanálise através das quais vamos acessar e praticar o corpo que sente, pensa, fala, sabe, se emociona, se conecta, que se tece continuamente com o vivido produzindo ações, expressão, territórios,
vínculos, potências, sem nunca perder de vista o trabalho com os conhecimentos de Terapia Ocupacional como Produção de Vida, sempre afirmando e afinando uma episteme para a TO.
rua apinagés 1100 cj 507 perdizes são paulo- sp
Um exercício de cooperação
Vamos repetir o workshop com
Regina Favre e Suely Rolnik
novas datas: 24 de setembro, 29 de outubro, 26 de novembro de 2016
A gente se ama desde o primeiro instante de nosso encontro no início dos anos 80.
Vínhamos de experiências anteriores muito sintônicas na convicção de que os modos de existência são todos políticos, que esse é um campo de resistência incontornável e que
exercê-la é o que define a ética na condução da existência. Afirmávamos essa ética em campos distintos – uma no corpo e outra na palavra –, já que cada vida é tecida por experiências e competências singulares. Mas ambas atuávamos numa mesma perspectiva clínica e pedagógica.
Nossos padrões pessoais de funcionamento, no entanto, muitas vezas impediram a fertilidade das cooperações, evidentemente não só entre nós, mas no mundo. Com isso, processos de produção de vida foram muitas vezes interrompidos. Tal dificuldade só fez ativar em nós o desejo de tomar nas mãos o enfrentamento de tais padrões e sua decifração, de modo a ampliar a capacidade de respiração destes processos, identificando e problematizando como se interrompem.
Para isso, desenvolvemos diferentes estratégias de enfrentamento deste desafio e de criação de novas linguagens e modos de funcionamento que permitissem esta ampliação, e com ela, o poder de compartilhamento no mundo.
Esse é o trabalho de uma vida. Ao longo de nossas trajetórias a tão buscada oxigenação foi se ampliando, o que hoje nos permite desejar essa cooperação, confiar em sua possibilidade, criar condições para praticá-la e oferecer este exercício, como nos dispomos a fazer neste workshop.
Como vamos operar esse sábado:
Nossa experiência de compartilhamento e a inclusão do grupo nesse processo será a posta em prática das figurinhas que pretendemos trocar entre nós e com o grupo. São peças de um quebra-cabeças sobre como se produz o inconsciente colonial-capitalístico, na subjetividade e no corpo (as figurinhas de uma compondo-se com as figurinhas da outra).
E, sobretudo, como se produz resistência nesses dois âmbitos. A conversa será feita de palavras, diagramas, imagens e exercícios.
O encontro será videogravado, transcrito e postado em grupo fechado no Facebook.
Quem somos nós:
Regina Favre
Filósofa, psicoterapeuta, pesquisadora independente e criadora de linguagens audiovisuais para a captação e teorização do corpo subjetivo em seu processo de se produzir. Pioneira das psicoterapias corporais no Brasil e fundadora do Laboratório do Processo Formativo onde ensina e publica, juntamente com colaboradores.
Suely Rolnik
Psicanalista, pensadora da arte e de cultura, ensaista e, às vezes, curadora, é Professora Titular da PUC-SP, onde fundou o Núcleo de Estudos da Subjetividade no Pós-Graduação de Psicologia Clínica. Sua investigação enfoca fundamentalmente as políticas de desejo em diferentes contextos, abordadas de um ponto de vista teórico transdisciplinar e indissociável de uma pragmática clínico-política.
Data: 24 de setembro, 29 de outubro, 26 de novembro
Horário: sábado das 10h às 18h
Local: Laboratório do Processo Formativo
Rua Apinagés, 1100, cj. 507 – Perdizes
Valor: R$ 400,00 (metade na inscrição).
Inscrições: pelo fone 3864-5785 com Célia ou reginafavre@yahoo.com.br.
Vagas: 25
Imagens: Leonilson
Na instalação didática
Ao chamar de instalação didática o processo que mostro neste post, estou expressando em primeiro lugar, meu apaixonamento pela figura de Joseph Beuys, criador dessa expressão, bem como o sentimento profundo de me identificar com o espírito de sua arte, suas lousas, seu conceito de escultura social. E em segundo lugar, afirmo a necessidade absoluta do uso de um agenciamento estético para o ensino e o estudo do corpo, a formulação de uma anatomia aberta para a mutação, suas ações, sua potência, seus múltiplos ambientes, suas redes, seus processos de subjetivação. Mostrar a realidade somática em contínua produção de si e combater os clichês de saúde, beleza, poder, celebridade, eternização que apequenam sua funcionalidade e potência de singularização, é uma tarefa que requer um entrelaçamento delicado de linguagens e recursos expressivos.
Uma inteligência coletiva.
Quando olhamos os diversos posts neste site, provavelmente, não nos damos conta da enorme quantidade de atividades e condições necessárias para a sua efetuação: propostas, recursos financeiros, tecnológicos e humanos, mobilização de alunos, sustentação de uma certa infraestrutura e muitos outros aspectos. Se apenas desejássemos descrever alguns momentos de um encontro dos seminários que acontecem no Laboratório do Processo Formativo e fôssemos enumerar tudo que estava ali compondo aquele presente onde os corpos estavam se formando em tempo real, visível e invisível, precisaríamos da competência de um grande romancista e de uma infinidade páginas para isso. Poderíamos, por exemplo, começar pelo salão de grupo, sua adaptação, os equipamentos, as instalações, as janelas antirruído espelhadas, o chão branco onde as ações normais das pessoas aparecem como esculturas de si, os fios, os chips, a iluminação, o grande mundo lá fora constantemente lembrado… Além disso, descreveríamos a ação do câmera, do relator, os sistemas de transcrição e gravação utilizados, as cartografias no quadro branco que chamo de ovo, as formas de exibição no telão, na televisão, no próprio ovo onde as imagens dos corpos podem ser redesenhadas e compreendidas em sua relação forma-função. O cabeamento, a internet de onde retiramos os mais variados vídeos de ciência, comportamento, arte, para compor com nosso ambiente cognitivo … os programas de edição que transformam o acontecimento captado em posts de imagem e texto finalizados que serão publicados no site ou que virarão hand-outs a serem retrabalhados e multiplicados nos grupos. Captações de imagem e texto, mais surpreendentemente ainda, que vão alimentar em tempo real, no Facebook, os grupos fechados de cada grupo onde os alunos encontram trechos de falas, cenas, fotos, teoria, diálogos do acontecimento grupal na instalação didática( que outras vezes chamamos de aquário) que poderão ser revistos, estudados e, democraticamente, utilizados por eles. Essa estratégia ágil, complexa e relativamente barata, enfatiza a evidência de que vivemos e formamos nossas vidas, continuamente, em ecologias… que somos parte não só de famílias, mas de redes físicas, afetivas, cognitivas, tecnológicas, políticas, sociais, informacionais. É esse efeito que busco com essa articulação de elementos heterogêneos que chamo aqui de instalação didática. O conteúdo não se separa do vivido, do registrado, das práticas, da própria instalação e das ações que sustentam essa produção. É tudo auto evidente. Esse é o acontecimento-seminário onde os corpos estão imersos. Desde os anos 60, quando eu ainda era quase uma garota, a frase lapidar de Marshall Macluhan nunca deixou de me impactar: a mídia é a mensagem. Nesse sentido, mostrar e enfatizar a instalação didática, suas mídias, seu agenciamento de recursos que ultrapassam infinitamente o indivíduo, expressa, afeta e ensina tanto quanto as cartografias que conduzem nosso trabalho, filosófico, clínico e pedagógico. Olhamos e imediatamente captamos… Ah, sim…e os corpos respondem a esse ambiente complexo e real… e é dessas respostas que extraímos a compreensão de corpo que é objeto do nosso estudo…. e assim vamos…
Para fazer funcionar a instalação
É necessário praticar e compreender o corpo como bomba pulsátil e aprender a se reconhecer como parte de múltiplas ecologias, saber-se um corpo na multidão, sensibilizar-se para a inteligência coletiva. Mas todos esses conceitos ou, mais precisamente, essas evidências, não podem ser apreendidos, descritos, expressos em seu movimento de devir, apenas intelectualmente. Eles só se apresentam pulsantes numa captação entrecruzada, num feeling, num ato de concretude da presença física… Veja o post Presença neste site. Mostrar a inteligência coletiva da instalação didática e o desdobramento das estratégias, práticas e produtos no acontecimento grupal nos ensina diretamente que estamos, sempre, dando corpo ao vivido e formando os ambientes de que somos parte. E que, consequentemente, é possível dissolver o individualismo exacerbado do capitalismo contemporâneo em nós, amadurecer nossas formas de conexão, formar comportamentos e modos de funcionar em cooperação, como parte de processos maiores… ser corpos na multidão, medusas nos mares, bombas pulsáteis… bombeando, pensando, agindo e produzindo nas redes que evidentemente são a nossa realidade…
Bombeando-se
Extraí o conceito de bomba pulsátil da Anatomia Emocional de Stanley Keleman. Em muitos posts neste site, desenvolvo a visão desse design evolutivo ampliando-o para as condições da nossa vida no ambiente global, como corpos na multidão cuja funcionalidade reside na contenção de si, na autonomia e na alta conectividade. Os corpos se produzem numa embriogênese continuada, se tecem a si mesmos como um dentro e um fora, uma superfície e uma profundidade. As bordas contém a excitação do vivido imerso no acontecimento. Os corpos se fazem em ambientes-acontecimento ao longo de sua história formativa, em gradientes de mais ou menos consistência, mais e menos excitação… Os corpos se configuram com os tecidos, evidenciam mais ou menos amadurecimento, mais ou menos potência de absorver o acontecimento presente e formar estruturas mais ou menos precisas com o vivido. Os corpos mostram claramente o que vivem. Os corpos quanto mais finamente conectados com os elementos e fluxos que se condensam em seu presente, quanto mais bombeiam suas ecologias, mais potentes se fazem… O COMO é a chave para compreendermos as ações dos corpos e para nos reconhecer como corpos, como fazemos o que fazemos com a nossa forma para sustentar presença. Nosso trabalho de vida é estruturar nossos modos de funcionar em relação ao presente, de modo singular, no embalo auto-produtivo dos corpos. Aprender e praticar. Não por uma razão moral, mas porque, bem articulada e em formas mais atualizadas, a vida se canaliza e funciona melhor em nós e nas nossas ecologias. A prática intencional do embodiment é a arte da pessoa comum. No exercício da bomba pulsátil combinado com a prática do COMO, aprendemos a manejar as bordas, atrair os ambientes com o vácuo interno, absorvê-los e bombeá-los de volta como expressão conectiva de si. O reconhecimento e manejo das bordas e da excitação são centrais para o amadurecimento da nossa real condição como parte dos processo maiores. Nosso alfabeto é binário: expansão e contração, em amplitudes e formas quase infinitas. Crescemos ao longo da vida, podendo complexificar da fusão para a cooperação… da dependência absoluta para a autonomia cooperativa… esse conceito psicológico, politico e biológico ao mesmo tempo, é um conceito que só existe quando praticado. As intervenções, como veremos abaixo, acontecem nos encontros grupais não como uma prática clínica em si mesma, mas como uma ajuda para que um corpo possa ir se alinhando cada vez mais finamente com o processo formativo que prossegue. Nossa mestra é a medusa. Veja o vídeo Embodiment en Buenos Aires neste site.
No exercício da bomba pulsátil: linguagem em ação.
1.Identificando: o que é
Aluna – tenho dificuldade de ficar com meu corpo. É muito difícil. Prefiro não pensar… muita informação… é muita loucura… forças muito opostas … uma superexcitação…
2. Identificando: como é
Regina – põe os pés no chão… Aluna– me conforta ficar espremida, estou sempre com a mão perto da boca. Regina – você foi ganhando intensidade desde o seu trabalho no grupo de anos atrás. Daquela profundidade vazia que você pode vivenciar com as imagens que produzimos naquela época, você foi se enchendo de intensidade, de excitação… atualmente, parece que você está produzindo e administrando intensidade de outro modo. Aluna – me sinto muito mais forte e presente…
3. Identificando: um caminho formativo
Regina – naquela época o que havia era um corpo de carência, mais para esvaziado de si… isso é o que atravessava aquele trabalho… e, lá, você termina pegando a vida com força… são as últimas imagens daquele registro. Hoje a questão é outra… você não dá conta de modelar inteiramente a sua intensidade com as suas bordas e sente vergonha. Aluna– Sim. Tem uma superfície tímida (mão que esconde a boca)… mas aqui eu quero… me percebo transbordando e não sei o que fazer.
4. Identificando-se com a bomba pulsátil.
Regina – vamos experimentar fazer esse movimento grande… senta grande… espaço… você vai saborear grande essa onda que vai para fora e para trás… a bomba do tórax… contrai intencionalmente e deixa expandir sozinha. Você está querendo muito da vida… quero mais quero mais… assume isso para você… tudo… torna clara a ação para você a partir da bomba pulsátil, bombeando no ambiente….(boca e braços se abrem grande… expansão) quero pegar a vida com tudo.. mãos… boca…
5. Identificando-se com o QUEM das ações da bomba pulsátil
Aluna– já estou feliz…. assim fica tudo bom…
Regina – sustenta esse pulso dentro, deixa acontecer a intensidade aí para viver a experiência que te cabe viver.
Aluna (chora) – isso dói… agora preciso me confortar… Aluna conforta-se
Regina – sim, fazendo esse travesseirinho de mãos… assim você se toma de volta… conforta-se… do grande esforço emocional que é só conseguir expandir com a forma que você é atualmente…
Regina – desta vez, você está podendo retirar-se e confortar-se… ir e voltar… você está começando a organizar essa contração na sua forma cuja tendência, ainda imatura, é sobretudo, expandir … nessa aprendizagem em que você se capta expandindo sempre, você descobre a volta sobre si, começa a criar contração e formar mais tônus de superfície.
Aluna – é muito bom saber que posso ir e voltar…
Regina – sim… você começa a se chamar de volta… volta aqui… expandir sobre o ambiente e agora voltar… cuidar-se… acolher-se… são ações da bomba pulsátil em seu processo de amadurecer, completar o ciclo de expandir e contrair, alimentar intensidade, fortalecer bordas…
Aluna – sim, foi bom fazer isso.
Relatora– no registro dela, em outro grupo, anos atrás, havia também esse gesto de segurar o rosto para se reconhecer. Hoje, isso se esboçou de novo. E em seguida, surgiu o gesto de se confortar. Na construção da contração, ela agora tem dois gestos: reconhecer
…os gestos, as modelagens experimentais da bomba pulsátil, os verbos, os diversos sujeitos dos verbos, construindo quem ainda não somos, praticando nossa arte de pessoas comuns, em nossas instalações existenciais…
Regina Favre
Julho, 2014