Uma conversa viva com Saulo e Regina: processo formativo e biologia molecular
Como se dá uma aula de ciência formativa?
Uma aula é um acontecimento vivo… antes de mais nada temos que organizar nossa forma do PRESENTE, sintonizar com a excitação ambiental como uma experiência do estarmos vivos, AQUI.
Como cada um, um corpo que pensa, sente, sonha, se postura, se emociona, organiza muscularmente o ATO DE SE FAZER PRESENTE? A presença é um ato físico, anatômico.
As presenças têm sua intensidade que se chama EXCITAÇÃO… que conecta os corpos e nos coloca no acontecimento, como produzidos e produtores… compartilhando de um comum … peixes em um aquário… bebendo e babando linguagem, imagens, comportamentos, modos de conexão…
O PRESENTE evidencia imediatamente um ANTES e um DEPOIS… um devir, um deixando de ser, um se tornando … sempre formando algo que não existia antes, novas camadas do vivido, com tecidos, comportamentos… a partir do vivido…
O que estaremos VIVENDO e FORMANDO nesse encontro? Alguma coisa certamente vai se imantar, vai se desorganizar, vai se apresentar, vai se selecionar… como se dá a seleção de novos elementos a serem incluídos no sujeito somático?
Ao contemplarmos esses acontecimentos com um olhar biológico, vemos que estamos dando prosseguimento a uma vida em particular… mas também formando e canalizando vida na biosfera e nos ambientes de que somos parte, local e geral… corpo canal, corpo processador ambiental… esboçando sempre mais corpo… com comportamentos e imagens… mais corpo tecido com proteínas… epigeneticamente….
Para nós, uma aula de biologia molecular faz sentido quando verdadeira e coerentemente nos colocamos de modo QUÂNTICO… dentro… contemplando e encarnando ao mesmo tempo esse processo poético e poiético , moldando-nos dentro das narrativas cientificas…
- O pulso, a membrana e a célula… a antiguidade do pulso desde o Big Bang, a imantação do processo vivo,
- O sistema de auto-produção: DNA, RNA, proteínas, a epigênese,
- A produção de tecidos, as “driving forces”: divisão, movimentação e morte celulares,
- As formas embriológicas, as camadas de tecidos, a construção e moldagem do corpo.
Agregando a linguagem das ciências à gramática da produção de corpos
Um corpo na multidão
Data: 26 setembro, 2ª feira, às 20h
Local: Laboratório do Processo Formativo
R. Apinagés, 1100, cj 507, Perdizes
Valor: 20 reais
Inscrições: 11-3864-5785
Regina na revista Interface da Unesp
Nova publicação, linda, feita pela Revista Interface com o texto “Um Corpo na Multidão: do molecular ao vivido”. Você pode conferir o conteúdo e as imagens no link.
Convite: uma conversa sobre ciência e o processo de produção de corpos
Regina Favre e Saulo Cardoso convidam as pessoas que curtiram e se interessaram pelo post “Agregando a linguagem das ciências à gramática da produção de corpos” para uma conversa no Laboratório do Processo Formativo.
Data: 27 de junho de 2011, às 20h
Preço: R$ 20,00
Endereço: R. Apinagés, 1100, cj 507
Confirme a sua participação pelo e-mail: contato@laboratoriodoprocessoformativo.com
Agregando linguagem das ciências à gramática da produção de corpos
Saulo Cardoso, médico e terapeuta, é dos alunos mais antigos, década de 80, tempos do Ágora. Migrou para o campo do pensamento formativo kelemaniano junto comigo, um gesto importante, na época, dentro da cena corporalista de São Paulo. Participou de todos os workshops de Keleman no Brasil, desde 93. Pesquisou finamente, com a Sandra Taiar, todo o material vídeo-gravado desses workshops e me acompanhou de perto desde os primeiros momentos em que fui moldando o pensamento formativo de modo a fazê-lo caber numa caixa de ferramentas que lidasse com a produção de corpo no contemporâneo. Com o tempo, tornou-se um interlocutor e, há alguns anos, já, estudamos juntos.
Ele é o continuador da pesquisa de Rogerio Sawaya que desbravou comigo, por mais de 10 anos, as referências cientificas de Keleman no enquadre teórico-prático do corpo em sua elaboração filosófica. É muito bom poder confirmar como a maturação vincular se dirige para a colaboração. Essa maturação em suas camadas é o que experimentamos em grupo, juntamente com a produção de corpo e conhecimento formativo, no dispositivo do Seminário Biodiversidade Subjetiva. Na primeira parte da aprendizagem viva do processo formativo em que se constitui o Seminário, o Saulo está presente na função de consultor para os elementos da biologia molecular de que necessitamos para começar o processo de estudo, corporificação e maturação de uma bomba pulsátil capaz de produzir diferença.
Estas “Notas para uma conversa” de “Agregando linguagem à gramática da produção de corpos” de Saulo foram elaboradas para ressoar juntamente com a minha produção “Um corpo na multidão” produzidas para a apresentação que fizemos na Jornada Reich de 2010 do Instituto Sedes Sapientiae.
Regina Favre, 2011
Notas para uma conversa, por Saulo Cardoso
Agregando linguagem das ciências à gramática da produção de corpos.
O processo formativo: os conceitos de ciências físicas e biológicas, hoje, invocam em nós a experiência de sermos parte de uma realidade em contínua produção…
… estas notas foram feitas para ser lidas com uma atitude contemplativa e não, cientificista…
Em 1956, Erwin Schrödinger, cientista austríaco, fez perguntas como esta em seu livro “What is life?”: Como uma célula ovo pode se transformar num corpo tridimensional?
A decifração do genoma, em 1990, respondeu a esta pergunta e levou às descobertas de como um corpo se produz, continuamente, da fecundação à morte.
As imagens e os textos abaixo estão colocados na perspectiva de uma biologia articulável ao pensamento formativo kelemaniano segundo o qual nossa vida é concebida como um processo ininterrupto, dentro da produção do universo, da biosfera e do social.
O início do universo e da vida
A teoria mais aceita da origem do universo é a do Big Bang
No início havia muito calor e a velocidade do fluxo era imensa.
- Dá-se o nome de PLASMAà mistura de partículas sub-atômicas em altas temperaturas e velocidades.
- Quando essas partículas se movem, emitem energia na forma de LUZ.
- LUZ é uma onda eletromagnética e tem dupla dimensão: onda e partícula(fótons)
- A POLARIDADE é a lei que governa a transformação de energia em outras formas de energia.
A luz é polar. Quando partículas se movem, emitem energia na forma de luz.
O surgimento da matéria foi consequência do esfriamento do fluxo de energia, que gerou atração das partículas.
Esse não é apenas um evento primordial, é a base da realidade: a contínua conversão de energia em matéria e matéria em energia.
A matéria é uma agregação de energia
O modelo da matéria é o átomo
Um átomo tem polaridade de forças elétricas: núcleo positivo e nuvens de elétrons negativos na periferia (modelo atômico)
Um elétron pode mudar seu quantum de energia pela absorção de fótons de luz: assim o átomo muda de forma e de função.
Polaridade da luz e da matéria
A polaridade da energia cria um campo eletromagnético, um imã, um campo imantado.
A produção do processo vivo
O fluxo de energia radiante é o criador da vida.
A agregação de mecanismos físico-químicos, com sua consequente seleção conectiva, pelo uso e função, gera sistemas auto-produtivos, auto-agentes e auto-regulatórios.
Processo de produção da vida: a seleção do carbono e da água, moléculas conectivas.
O átomo de carbono selecionou-se porque pode se ligar a quatro outros átomos de carbono, formando longas cadeias estáveis: açúcares, gorduras e proteínas.
A água é a molécula da vida por suas propriedades inigualáveis:
- Coesão entre as moléculas
- Flexibilidade
- Ponto de ebulição alto (100º C)
- Polaridade entre seus átomos componentes (sua molécula é um imã)
Isso a torna o diluente universal da maioria das substâncias.
O pólo positivo é o Hidrogênio. O pólo negativo é o Oxigênio. As moléculas se associam através de pontes de Hidrogênio.
A Luz, o Carbono e a Água: a fotossíntese
A fotossíntese é uma agregação de processos físico-químicos.
Através de um processo físico-químico, é sintetizada a glicose, a principal fonte de energia do vivo.
ATP – Energia Viva
A respiração nas células é o transporte de elétrons de alta energia da glicose-fosfato para dentro da molécula de ATP.
Alguns elétrons da glicose ligados ao fósforo estão energizados com luz.
Os elétrons de alta energia são carreados dentro das células para serem armazenados em moléculas de adenosina trifosfato (ATP), o acumulador e processador de energia no corpo dos animais.
O plasma estruturado
O vivo pode ser considerado um plasma imantado
A molécula da água é imantada bem como as substâncias dissolvidas nela também o são.
A célula é a estrutura do processo do vivo. Todos os componentes de um corpo estão nela.
A célula é a estrutura do vivo como o átomo é a estrutura da matéria.
Imantação do Vivo
Polaridade da Membrana Plasmática
Auto-regulação de Si
A membrana celular possui moléculas em sua superfície que regulam a forma das células.
O citoesqueleto é o precursor micro do macro esqueleto. Ele está regulado pela membrana celular e é através dele que a célula de movimenta.
Comunicação e Gerência
A membrana pode ser considerada como a precursora do sistema nervoso.
Comunicação
A membrana é o regulador de pulso celular.
Proteínas de membrana
O pulso genético
O genoma são as moléculas de DNA localizadas no núcleo das células e que contém o código químico de produção de um corpo. O código é para a produção de moléculas de proteínas e, em consequência, de diferentes ambientes orgânicos, durante as diferentes fases do desenvolvimento
Epigênese
É o processo de seleção da expressão de genes (gene expressa moléculas de proteínas) ao longo de uma vida. Os ambientes orgânicos são alterados por mecanismos de inibição e liberação de genes.
As moléculas morforreguladoras
As moléculas de adesão celular (CAMs-proteínas) são as que regulam a forma e os ambientes internos das células
As moléculas de adesão da matriz extracelular (SAMs-proteínas), regulam a forma e influenciam o ambiente interno das células.
Da escala micro a macro
Do genótipo ao fenótipo
Cromossomas
A expressão seletiva de genes
O plano corporal de uma mosca das frutas (drosófila) é regulado pelos mesmos genes que regulam a produção de um plano de corpo de um mamífero, inclusive o corpo humano
O Fenótipo
O fenótipo como resultado da conjunção de forças genéticas, de agregação de mecanismos físico-químicos e de seleção conectiva (vínculo).
Do micro comportamento
Uma célula (ameba)
Ao macro-comportamento
Comportamentos complexos como uma relação afetiva
A produção das formas
Processo produção de um corpo (metamorfose)
A formação do tubo neural: o movimento do vivo sobre si mesmo
Forma e Função
As proteínas são as moléculas inteligentes do vivo. Elas mudam de forma e sua função também muda
Uma anatomia polivalente
Forma: função