Agregando linguagem das ciências à gramática da produção de corpos
Saulo Cardoso, médico e terapeuta, é dos alunos mais antigos, década de 80, tempos do Ágora. Migrou para o campo do pensamento formativo kelemaniano junto comigo, um gesto importante, na época, dentro da cena corporalista de São Paulo. Participou de todos os workshops de Keleman no Brasil, desde 93. Pesquisou finamente, com a Sandra Taiar, todo o material vídeo-gravado desses workshops e me acompanhou de perto desde os primeiros momentos em que fui moldando o pensamento formativo de modo a fazê-lo caber numa caixa de ferramentas que lidasse com a produção de corpo no contemporâneo. Com o tempo, tornou-se um interlocutor e, há alguns anos, já, estudamos juntos.
Ele é o continuador da pesquisa de Rogerio Sawaya que desbravou comigo, por mais de 10 anos, as referências cientificas de Keleman no enquadre teórico-prático do corpo em sua elaboração filosófica. É muito bom poder confirmar como a maturação vincular se dirige para a colaboração. Essa maturação em suas camadas é o que experimentamos em grupo, juntamente com a produção de corpo e conhecimento formativo, no dispositivo do Seminário Biodiversidade Subjetiva. Na primeira parte da aprendizagem viva do processo formativo em que se constitui o Seminário, o Saulo está presente na função de consultor para os elementos da biologia molecular de que necessitamos para começar o processo de estudo, corporificação e maturação de uma bomba pulsátil capaz de produzir diferença.
Estas “Notas para uma conversa” de “Agregando linguagem à gramática da produção de corpos” de Saulo foram elaboradas para ressoar juntamente com a minha produção “Um corpo na multidão” produzidas para a apresentação que fizemos na Jornada Reich de 2010 do Instituto Sedes Sapientiae.
Regina Favre, 2011
Notas para uma conversa, por Saulo Cardoso
Agregando linguagem das ciências à gramática da produção de corpos.
O processo formativo: os conceitos de ciências físicas e biológicas, hoje, invocam em nós a experiência de sermos parte de uma realidade em contínua produção…
… estas notas foram feitas para ser lidas com uma atitude contemplativa e não, cientificista…
Em 1956, Erwin Schrödinger, cientista austríaco, fez perguntas como esta em seu livro “What is life?”: Como uma célula ovo pode se transformar num corpo tridimensional?
A decifração do genoma, em 1990, respondeu a esta pergunta e levou às descobertas de como um corpo se produz, continuamente, da fecundação à morte.
As imagens e os textos abaixo estão colocados na perspectiva de uma biologia articulável ao pensamento formativo kelemaniano segundo o qual nossa vida é concebida como um processo ininterrupto, dentro da produção do universo, da biosfera e do social.
O início do universo e da vida
A teoria mais aceita da origem do universo é a do Big Bang
No início havia muito calor e a velocidade do fluxo era imensa.
- Dá-se o nome de PLASMAà mistura de partículas sub-atômicas em altas temperaturas e velocidades.
- Quando essas partículas se movem, emitem energia na forma de LUZ.
- LUZ é uma onda eletromagnética e tem dupla dimensão: onda e partícula(fótons)
- A POLARIDADE é a lei que governa a transformação de energia em outras formas de energia.
A luz é polar. Quando partículas se movem, emitem energia na forma de luz.
O surgimento da matéria foi consequência do esfriamento do fluxo de energia, que gerou atração das partículas.
Esse não é apenas um evento primordial, é a base da realidade: a contínua conversão de energia em matéria e matéria em energia.
A matéria é uma agregação de energia
O modelo da matéria é o átomo
Um átomo tem polaridade de forças elétricas: núcleo positivo e nuvens de elétrons negativos na periferia (modelo atômico)
Um elétron pode mudar seu quantum de energia pela absorção de fótons de luz: assim o átomo muda de forma e de função.
Polaridade da luz e da matéria
A polaridade da energia cria um campo eletromagnético, um imã, um campo imantado.
A produção do processo vivo
O fluxo de energia radiante é o criador da vida.
A agregação de mecanismos físico-químicos, com sua consequente seleção conectiva, pelo uso e função, gera sistemas auto-produtivos, auto-agentes e auto-regulatórios.
Processo de produção da vida: a seleção do carbono e da água, moléculas conectivas.
O átomo de carbono selecionou-se porque pode se ligar a quatro outros átomos de carbono, formando longas cadeias estáveis: açúcares, gorduras e proteínas.
A água é a molécula da vida por suas propriedades inigualáveis:
- Coesão entre as moléculas
- Flexibilidade
- Ponto de ebulição alto (100º C)
- Polaridade entre seus átomos componentes (sua molécula é um imã)
Isso a torna o diluente universal da maioria das substâncias.
O pólo positivo é o Hidrogênio. O pólo negativo é o Oxigênio. As moléculas se associam através de pontes de Hidrogênio.
A Luz, o Carbono e a Água: a fotossíntese
A fotossíntese é uma agregação de processos físico-químicos.
Através de um processo físico-químico, é sintetizada a glicose, a principal fonte de energia do vivo.
ATP – Energia Viva
A respiração nas células é o transporte de elétrons de alta energia da glicose-fosfato para dentro da molécula de ATP.
Alguns elétrons da glicose ligados ao fósforo estão energizados com luz.
Os elétrons de alta energia são carreados dentro das células para serem armazenados em moléculas de adenosina trifosfato (ATP), o acumulador e processador de energia no corpo dos animais.
O plasma estruturado
O vivo pode ser considerado um plasma imantado
A molécula da água é imantada bem como as substâncias dissolvidas nela também o são.
A célula é a estrutura do processo do vivo. Todos os componentes de um corpo estão nela.
A célula é a estrutura do vivo como o átomo é a estrutura da matéria.
Imantação do Vivo
Polaridade da Membrana Plasmática
Auto-regulação de Si
A membrana celular possui moléculas em sua superfície que regulam a forma das células.
O citoesqueleto é o precursor micro do macro esqueleto. Ele está regulado pela membrana celular e é através dele que a célula de movimenta.
Comunicação e Gerência
A membrana pode ser considerada como a precursora do sistema nervoso.
Comunicação
A membrana é o regulador de pulso celular.
Proteínas de membrana
O pulso genético
O genoma são as moléculas de DNA localizadas no núcleo das células e que contém o código químico de produção de um corpo. O código é para a produção de moléculas de proteínas e, em consequência, de diferentes ambientes orgânicos, durante as diferentes fases do desenvolvimento
Epigênese
É o processo de seleção da expressão de genes (gene expressa moléculas de proteínas) ao longo de uma vida. Os ambientes orgânicos são alterados por mecanismos de inibição e liberação de genes.
As moléculas morforreguladoras
As moléculas de adesão celular (CAMs-proteínas) são as que regulam a forma e os ambientes internos das células
As moléculas de adesão da matriz extracelular (SAMs-proteínas), regulam a forma e influenciam o ambiente interno das células.
Da escala micro a macro
Do genótipo ao fenótipo
Cromossomas
A expressão seletiva de genes
O plano corporal de uma mosca das frutas (drosófila) é regulado pelos mesmos genes que regulam a produção de um plano de corpo de um mamífero, inclusive o corpo humano
O Fenótipo
O fenótipo como resultado da conjunção de forças genéticas, de agregação de mecanismos físico-químicos e de seleção conectiva (vínculo).
Do micro comportamento
Uma célula (ameba)
Ao macro-comportamento
Comportamentos complexos como uma relação afetiva
A produção das formas
Processo produção de um corpo (metamorfose)
A formação do tubo neural: o movimento do vivo sobre si mesmo
Forma e Função
As proteínas são as moléculas inteligentes do vivo. Elas mudam de forma e sua função também muda
Uma anatomia polivalente
Forma: função
Corpo e amor: você é único
Aqui você lê, na íntegra, a matéria com Regina Favre no Yoga Journal de abril/maio de 2011.
Corpo e amor: você é único (931,6 KiB, 2.321 hits)
Para pensar formativamente
Na última e quarta parte dos Seminários de Anatomia Emocional e Biodiversidade Subjetiva estudamos como os corpos se fazem sempre dentro da história social e dos jogos coletivos de poderes e de valores.
A essa altura da aprendizagem encarnada do processo formativo, já é possível reconhecer, estudar e agir sobre os modos com os quais fazemos corpo nos nossos mundos com forças sociais e vínculos. E como estes modelaram e continuam moldando, nossa realidade somática e conectiva, segundo a lógica e a gramática formativas estudadas ao longo dos três módulos anteriores.
Até esse momento, então, muitas ações foram compondo a estratégia através da qual mergulhamos na evidência de que somos produtores e parte de um processo formativo contínuo, sempre seguindo o roteiro ampliado da Anatomia Emocional, na cena do Seminário em curso.
Sucedem-se falas formativas minhas, conversas entre e com o grupo, teoria e exercícios extraídos do próprio acontecimento individual e grupal, contemplação de gravações, de fotos, de ovos, solos dos participantes, intervenções clinicas pontuais, participação de colaboradores … alças de feedback sobre o acontecido, resultando numa produção de conhecimento corporificado e cartografado daquilo que é nosso foco constante: a produção dos corpos.
Os ovos contêm os diagramas do pensamento que organiza a experiência do processo formativo que vai se desdobrando ao longo dos encontros. Eles abrangem o como, o quando, o onde, as condições, os ciclos, os ritmos, os princípios com os quais se produzem os corpos, sua relação com a linguagem, com a história social, com a biologia molecular, com as neurociências e, sobretudo com o pensamento kelemaniano. Os ovos, quadro em forma de ovo, apontam para uma gravidez, uma possibilidade de sempre mais, para o que ainda não existe,sinalizando que esse modo de notação do acontecimento articulado à teoria da produção de corpo é uma força geradora de pensamento, como se fosse a mente do ambiente sendo gerada através do mapeamento do vivido.
À medida que as pessoas vão assimilando esse saber em seus corpos, em sua linguagem e em seus cadernos, vai se revelando, como uma realidade somática, que esses corpos imersos nesse campo corpante (bodying field) de cada grupo em particular, dentro dos ambientes maiores e menores, são bombas pulsáteis que funcionam como processadores ambientais “bebendo e babando ambiente”.
Os grupos, através desse dispositivo, têm a oportunidade de viver em tempo real, o secretando e o modelando corpo, o intervindo em suas formas através de práticas específicas, o maturando, no ato de co-corpar com as condições presentes, criando ligações que vão ganhando em eficácia na produção de si e da cognição.
É importante assinalar que, nesse pensamento que tem sua origem no pragmatismo americano, o uso do gerúndio como substantivo é de total importância para a comunicação da nossa condição processual que se evidencia na experiência.
Nesse final do programa, o design existencial de cada corpo em suas ações e expressões preservadas muscularmente pela memória do seu uso repetido, amplia seus sentidos. Contemplamos, nesse momento do grupo, através do acervo de fotos de cada um, os corpos em suas modelagens vinculares e sociais, seus caminhos formativos, sua participação e modos nos diferentes ambientes e a construção de sua trajetória até o presente. Sempre iluminando a questão de como esse corpo e com que forças e combinações musculares sustenta sua forma presente. E finalmente, descobrimos, dentro da lógica formativa de cada corpo, como intervir sobre essa configuração atualizando-a um pouco mais para que dê passagem às forças do presente, alimentando delas sua continuidade.
Nesse ambiente de imagens, imagens são colhidas todo o tempo, em vídeo pelo cameraman presente no grupo e em foto pelo próprio grupo que passa a câmera fotográfica de mão em mão. Nessa fase final, em particular, trabalhamos com essa tarefa que se constitui na seleção de fotos de vida de cada participante, editando um continuum que mostre desde o nascimento até a vida adulta, as forças e os ambientes formativos que constituem sua forma somática subjetiva atual.
Desejo com essa estratégia transmitir um sentimento poético de concretude e presença, como se colocássemos essas fotos num slideshow acelerado e pudéssemos ver um corpo crescendo e se metamorfoseando dentro de sua lógica formativa particular. Vamos, ao mesmo tempo, encontrar na forma atual de cada corpo essas direções do crescimento em ação, configuradas num jogo de forças e sentidos.
O trabalho com essas imagens da história pessoal em transparências no retroprojetor, é um momento de grande intensidade emocional e cognitiva. A luz incandescente de um equipamento manual é importante para esse clima de aparição, do que foi vivido há muito tempo e ainda está lá.
As imagens – sejam elas das gravações ou das fotos, atuais ou da trajetória de cada um, entre outras muitas razões –, são importantes por nos fornecerem evidências (evidência, vidência, ver, ler o design do que se vê, ter a experiência imediata) de que os corpos vivos são ação lentificada, solidificada em tecido e estão sempre em ação, modelando ações… alguma ação… sobre si mesmos e sobre o ambiente… uma anatomia de tubos dentro de tubos tal como descreve Keleman em sua Anatomia Emocional, pulsando, trazendo para si, conduzindo, processando através de uma infinidade de ações, em múltiplos níveis interconectados, moldando-se e expressando-se sobre o ambiente,articulando-se ou afastando-se dos outros corpos, de quase infinitas maneiras(n-1), sempre produzindo a si mesmo e aos ambientes de algum modo.
Esse modo de funcionamento em múltiplas camadas do acontecimento no ambiente-seminário resulta em um reconhecimento constante dos modos de funcionamento ali-no-presente e uma relação cada vez menos narcísica, seja negativa ou positiva, com as próprias imagens, o que resulta numa naturalidade que é captada dentro da artificialidade evidente da presença dos elementos de gravação e exibição de imagem… Captar imagem, deixar-se captar, assistir-se, reconhecer-se, exercitar gramáticas, praticar o ato de corpar, os diferentes aspectos do design anatômico dos comportamentos, ações e expressões torna-se uma linguagem cada vez mais corrente nos grupos sob minha regência.
Reger o processo grupal, para mim, Regina, em seu fluxo contínuo de presenças somáticas e ações que as sustentam, é, por excelência, o exercício do contato imediato e encarnado com o acontecimento vivo que me alimenta na criação da linguagem e do conhecimento formativos. O acontecimento vivo, em sua metamorfose permanente, requer uma posturação dos afetos, uma poética e uma oralidade específicas para que se comunique.
Nessa fase final dos seminários, trabalhamos mais diretamente sobre a ampliação e aprofundamento da potência e capacidade pessoal de produzir e sustentar diferença e conexão dentro do ambiente maior com suas características particulares de produção da subjetividade contemporânea (clique no link para ler o artigo Trabalhando pela Biodiversidade Subjetiva) que se expressa em todos os vínculos, próximos e distantes.
No vídeo abaixo, na intimidade do grupo, falo sobre minha memória da imagem caseira ou amadora da infância e sobre a cultura da imagem da pessoas comuns gerada por tecnologias acessíveis a todos na vida afetiva dos diferentes coletivos e como esse meu bloco de infância (Guattari) está ativado nessa prática grupal que descrevo.
O interesse desta vídeo-edição em particular, está no registro da intimidade quase caseira de alguns dos tons e climas em que a aprendizagem formativa às vezes se dá no Laboratório do Processo Formativo.
Alguns trechos re-editados desta gravação:
A máquina fotográfica Kodak de caixote foi inventada por George Eastman, um pequeno funcionário de banco em meados do século 19. Foi uma invenção de gênio, tão simples, que se disseminou vertiginosamente e virou imediatamente a companhia de todas as pessoas. Todos passam a registrar suas vidas. As mulheres, por exemplo, começam a fotografar porque é fácil. Anúncios dessa época trazem moças super naturais, com seus chapéus, suas saias, fazendo piquenique e fotografando… com sua câmeras Kodak.
Podemos nesse tipo de cena como ver como o acesso fácil aos bens e saberes é parte do espírito democrático americano. Surge aí aquela coisa prática, o snapshot, o instantâneo, a tomada rápida no cotidiano das pessoas que vai alimentando a cultura de guardar momentos da naturalidade e da simplicidade do cotidiano que os americanos tanto prezam. Essa é uma visão democrática que reconhece que todo mundo tem uma vida e todas as historias são importantes. Mas ao mesmo tempo, essa prática inocente inicia um novo modo de representar as vidas e começa a dar forma à futura sociedade do espetáculo… esse é o paradoxo.
Quando evoco aqui a produção caseira Kodak do meu pai, estou falando do direito de cada cidadão ter a sua própria produtora de imagens, um exercício que também pode nos proteger da estereotipia em nosso processo formativo. Quando pescamos uma imagem nossa no nosso acervo de fotos, como vamos começar a fazer hoje, reativamos essas imagens e contribuímos para salvar da homogeneização espécies de comportamentos destinados à extinção pela ação da mídia. Salvamos espécies de comportamento e podemos voltar a cultivá-las e maturá-las.
A apropriação tecnológica do snapshot é totalmente simples e fácil, tanto que se expandiu e dominou o mundo. Dependendo de como se opera, pode ser vivida de uma maneira íntima, própria, afetiva, não-glamourizada ou estereotipada.Com o despiste que fazemos aqui gravando, mostrando, problematizando as ações e as formas, corpando, experimentando, brincando, vivendo, emocionando, conversando, tudo ao mesmo tempo, estamos trabalhando com a imagem e imagens no melhor sentido desse tipo de foto americana.
O valor da naturalidade americana dos corpos e a possibilidade de captar o único de cada um que os fotógrafos americanos trouxeram para o mundo das imagens abriu uma outra possibilidade para os corpos antes capturados pelas imagens do poder e da persona na fotografia posada. A tecnologia barata aqui tem esse grande valor de descolonizar, em primeiro lugar, o olhar sobre si gerando um resultado que é a funcionalidade dos corpos que com a ajuda dessa prática vai se instalando. Nós aqui vamos ao mesmo tempo praticando corpar, trazer as imagens sobre o próprio processo biológico de crescer um corpo (to grow a body) que é aquilo que ocorre em cada um: cultivar, secretar corpo continuamente segundo imagens de si.
Existe uma receita genética de crescimento. Mas é uma receita de crescimento social (vincular) que vai sendo modelada pelo interjogo de imagens de si e o suporte afetivo das intensidades. É assim que se constrói um corpo.
Aqui, à medida que vamos tendo esse retorno de nossas imagens sobre nós e que vamos praticando essas imagens no nosso próprio processo de corporificação, vemos o embelezamento e a naturalidade surgindo nos corpos. O embelezamento dado pela naturalidade e funcionalidade que emerge nesse tipo de uso dos corpos. Praticamos aqui funcionar a partir do nosso presente corporal… tal como o vemos e o reconhecemos… Então podemos assumi-lo. Vemos, então, que beleza não é o ideal, mas está diretamente relacionada com o funcional.
Minha relação com fotografia passa pelo meu pai. Meu pai sempre fotografou, sempre filmou, quando eu era criança. Quando eu tinha 5 anos, meu pai foi uma vez para o Rio de Janeiro e comprou uma câmera 8. Ele passou a gravar o cotidiano da gente, na rua, os vizinhos, a praia quando a gente tirava férias, aniversários. Era aquela coisa de 2 minutos, um rolinho desse tamanho que ele mandava revelar nos Estados Unidos. E quando voltava a revelação, juntava um monte de vizinhos de noite em casa, minha mãe fazia um bolo. Todo mundo assistindo cenas da nossa vida na parede da sala de jantar… olha fulano!… passa de novo, passa de novo!… O projetor emitia um cheiro inesquecível da lâmpada esquentando a pintura.
A fotografia sempre foi muito importante para mim… minha avó que morava com a gente veio da Bahia. Ela deixou a Bahia para trás e trouxe o que ela pode na mala… restos da casa, roupas, a camisinha de batizado do meu pai, a escritura da casa vendida, milhões de coisas… o guarda-roupa dela era um brechó absoluto. Abria o guarda-roupa e aquele mundo invadia a gente.
Ela tinha misturado… santinho, santinho de missa de sétimo dia de um de outro parente, fotos de família, era uma misturança… eu não sabia quem era parente, quem era santo, quem era morto, eu não sabia quem era quem . Ela me deixava brincar com aquilo tardes inteiras. Eu ia para o quarto dela e brincava, botava as fotos, botava os santos todos pelo quarto. Era a Bahia que baixava naquele mundo imaginário. E ela contava histórias sem fim… fulano, beltrano.. ela era ótima para contar histórias, ela ia do drama ao cômico… era uma grande contadora de histórias.
Esse imaginário das fotos foi sempre muito forte para mim. Eu aprendi cedo a gostar de imagens. Meu pai sempre fotografou muito, sempre contaram muitas histórias a partir de fotos na minha família. Tios gostavam de fotografar… era a influência da fotografia americana, do valor da pessoa cotidiana, da pessoa normal na fotografia, com essa naturalidade… desse tipo de fotografia que são fotos não posadas. Acho que tem totalmente a influencia desse tipo de fotografia no nosso trabalho aqui, desse olhar, que passa pelo meu pai, passa por essa cultura… essa mistura de imagens da minha casa. Os livros de medicina do meu pai misturados com a revista Life dos anos 40 na estante da sala. Aquelas fotos absolutamente fantásticas da revista Life, tanto de cenas boas como cenas de guerra, de soldados, de judeus nos campos de concentração, as pilhas de corpos… e aqueles livros de medicina onde eu via aqueles corpos pelados, aqueles livros de patologia clinica do meu pai… eram aqueles peitos com tumor, aquelas línguas estouradas, aquelas bocetas horríveis…. foi assim que eu entrei em contato com esse corpo que é misturado com histórias vividas. É a presença do meu pai nesse tipo de olhar.
Esse gosto de mexer com imagens… acho que ter reencontrado, nos 15 anos que frequentei o ambiente Keleman , esse tipo de imagem americana…que eu amava… encontrei isso em Berkeley … havia uns brechós maluquíssimos onde a gente encontrava todos os elementos do imaginário americano em nós… bacias e bacias de fotos de gente, snapshots, instantâneos da vida das pessoas, sobretudo dos anos 40. Era a cara das fotos que tínhamos na nossa casa. Comprei muitas fotos dessas. Fotos de vidas normais… o menino com o cachorro, a criança na banheira, as irmãs mostrando a roupa que se acabou de costurar. Coisas do cotidiano mais cotidiano possível… eu amava essas fotos… Vi também, nessa época, uma exposição que encheu o SFMOMA de snapshots… todas as paredes, todos os andares…
E o Keleman tinha esse gosto também pela imagem, com esse tipo de gravação caseira. Sempre encontrei no mundo dele essa gravação caseira, que tem sua origem na Kodak que facilitou para as pessoas levar para o cotidiano delas a possibilidade de serem artistas do próprio cotidiano. O Keleman praticava isso e isso me encantava participar dos seminários dele, interagindo com ele, esse trabalho em que o pensamento se dá ser através da imagem, das pessoas se verem e se trabalharem através desse monitoramento pela imagem…
Fui me apropriando dessa forma de trabalhar e complexificando-a. Mas (re)encontrar nele o gosto parecido com o gosto que meu pai tinha foi muito forte para formatar e confirmar meu olhar nessa maneira de trabalhar e pensar.
Então é isso: as fotos têm uma raiz muito profunda na minha história, no meu gosto pelas imagens. Imagens que permitem suspeitar histórias de corpos em suas vidas e seus mundos…
Regina Favre, janeiro 2011
[artigo] Trabalhando pela biodiversidade subjetiva
Artigo publicado originalmente no Cadernos de Subjetividade, 2010, Núcleo de Estudos e Pesquisas da Subjetividade, Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, PUC-SP
Conceitos e práticas são parte da história cultural. Acredito que os saberes e práticas corporais, tais como nós os concebemos hoje estão enraizados na Europa, nos meados do século XIX, como um subproduto da sociedade industrial. A mudança da produção artesanal para a produção industrial remodelou completamente as tradições culturais e artísticas, as concepções sobre forma e linguagem, valores, aparência das cidades, ruas, casas, seus interiores, exigindo um novo uso dos corpos para produzir e incorporar todas estas realidades. A pressão vinda do aumento das intensidades, dos problemas e dos benefícios produzidos pela indústria imediatamente sacudiu os modos de uso anteriores do corpo.
Ao mesmo tempo, entre outras transformações filosóficas e científicas, Darwin, com sua teoria evolutiva promove a maior revolução na auto-imagem do homem desde o início da história, retirando o criador de uma vez por todas da cena e apresentando os homens à sua animalidade e capacidade adaptativa, permitindo, a cada um, ver em seus corpos a continuidade dos corpos em sua cadeia evolutiva.
Com Darwin, o corpo, pela primeira vez, torna-se real e acessível como comportamento e funcionalidade solidificados anatomicamente enquanto espécie, podendo moldar-se de maneira individual.
Como o capitalismo industrial e o conhecimento moderno do corpo cresceram juntos
O capital e seu poder, inicialmente, tinham a configuração visível de fortunas familiares turbinadas pelas novas indústrias. Mas isso foi só o começo.
Com todas as transformações dos poderes, dos sentidos, das tecnologias industriais, da velocidade de transporte e dos novos modos de produção e distribuição do dinheiro, novas noções e práticas dizendo respeito à auto-regulação e autonomia dos corpos estavam prontas para aparecer e mesmo urgiam ser formuladas como um antídoto dos primeiros sinais do estresse da cultura ou doenças emocionais tais como começavam a ser observadas nesse momento.
A mesma velocidade pode ser vista na multiplicação de técnicas corporais que, na verdade, não são apenas técnicas, mas métodos que refletem as diferentes perspectivas do corpo necessitando regular a si mesmo.
A invenção da juventude, também nesse início de século, conta enormemente como uma importantíssima configuração social da subjetividade e é um capitulo a parte, sem dúvida, a ser incluído no tema do corpo.
Rompendo os limites dos ambientes acadêmicos e médicos, lugares tradicionais do saber, pesquisas e experimentos conduzidos por indivíduos ou pequenos grupos independentes na Europa, resistentes ao modelo corporal difundido pela escola de educação física de Berlim, foram fundamentais para o desenvolvimento das práticas e teorias corporais que moldaram essa nova cultura, praticamente, entre os anos 20 e o final da 2ª Guerra.
Esses jovens precursores que, para abrir a sensibilidade de seus corpos aos acontecimentos que se constelavam em torno da 1ª guerra, foram experimentando seu potencial somático como um aprofundamento trágico do presente corporal vivido e se contrapondo à rígida, autoritária, perigosa e estéril forma do corpo moldado pela educação militarista germânica. Esses devem ser considerados o marco zero da futura cultura de corpo que afetará a todos nós. A figura de Elsa Gindler cujos grupos eram freqüentados por certos psicanalistas também resistentes, entre os quais se inclui Reich, é paradigmática nesse novo modo de subjetivação do corpo que começa a se configurar precisamente nesse momento.
Escapando da destruição que se avizinhava, atraídos pela promessa da democracia na América, esses pioneiros europeus que em duas décadas já haviam se tornado criadores e praticantes dessas novas concepções corporais, migraram para um ambiente onde essa nova cultura iria encontrar total acolhimento na tradição filosófica do pragmatismo americano, nos valores do corpo e da vida natural celebrados pela literatura, da disciplina interior, da experiência religiosa e da iluminação, e principalmente, da imensa prosperidade e otimismo do pós-guerra.
A partir deste encontro, floresceu nos Estados Unidos, em meados dos anos 50, associada às filosofias sociais da época, a cultura à qual nós nos consideramos pertencer e sobre a qual devemos fazer uma operação crítica para que possamos utilizá-la. Nesse momento, também, a cultura americana apontava para um caminho de expansão por todo o planeta.
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Muito Barulho no Andar de Cima: Uma manhã de sábado no Laboratório
Regina: Vamos trabalhar neste módulo, mais precisamente, com a anatomia do corpo formativo, para a gente poder ir criando uma gramática das ações com o que vamos poder decodificar e viver no jogo de superfícies, camadas, bolsas, tubos, esfíncteres, pressões e todos esses elementos que nos permitem nos identificarmos com o conjunto anatômico que desenham e são desenhados pelas ações em seu fluxo e variabilidade.
Vamos incorporar uma prática de decodificação e uma gramática para podermos trabalhar nesse puzzle que são as ações, tratá-las mais finamente como parte do processo formativo que é anatômico, que é evolutivo, que é da espécie e que é particular de cada corpo, podendo ser acessado e trabalhado artesanalmente…com os efeitos que veremos…
(barulho de martelo quebrando parede no andar de cima: Regina dança)
A situação se apresentou…aha….é bom a gente não resistir aos tambores mas, se deixar afetar pelos barulhos e se deixar mover junto, porque resistir não dá certo…
Mudando de registro:
Que frustração provoca esse barulho que nos pega de surpresa?
O que o corpo faz para se proteger desse barulho? Quem recolheu a nuca? Os corpos reduzem o campo sensorial encolhendo a nuca… essa é uma estratégia inata.
A expectativa… Será que vem outra vez?…. É tão fora de controle…tentem proteger dentro da cabeça… contraindo…proteger o cérebro…essa ação vai nos afetar sensorialmente … vocêm estão reconhecendo como vocês agora percebem o efeito desses ruídos?…e o que seu organismo faz com isso?
Lili: meus ombros estão se mexendo para cima…
Regina: são reflexos involuntários para proteger o cérebro do excesso da excitação que se produziu…
O reflexo do susto tem essas formas nos corpos: enfrentar crescendo, evitar torcendo, amortecer encolhendo …essas formas, se não desorganizadas em seguida, viram estresse, isto é, um padrão que pode se tornar continuo, para além da situação, reduzindo o impulso formativo nos corpos e o campo de captação de mundo.
COMO DESMANCHAR SUSTO E COMO RUÍDO PODE VIRAR UMA EXPERIÊNCIA MUSICAL?
Uma consigna:
Ponha a mão na cabeça e sinta as palmas das mãos em contato com a cabeça.
Perceba o pulso dentro da bolsa da cabeça.
Intensifique um pouco mais o contato da mão com a superfície da cabeça.
Reconheça se tem alguma expectativa na cabeça, se você vai assustar com algum novo ruído ou se está confiante que isso não vai acontecer de novo.
Você vai acompanhar e reconhecer se a cabeça está contraída ou não.
Atenção exacerbada é uma função de proteção que se acompanha pela contração do rosto, dos olhos, da boca …
A cabeça é que achata o corpo para que ele fique mais protegido pela forma contraída.
Veja como você faz para esse ruído ficar bem longe? Numa contração tal que ele fique amortecido, que você não fique nem aí, modelando a forma de um tal jeito de qualquer interferência não aconteça… como se engrossasse, talvez amolecesse, muito, a parede para não sentir nada..
O Merce Cunningham dançava os barulhos de NY com as janelas abertas no seu estúdio, o dia inteiro junto com seus bailarinos…
John Cage nos ensinaria ouvir quantas sonoridades existem neste som..
Pierre Boulez compôs uma peça para piano que se chama Le Marteau sans Maitre…o martelo que bate sozinho…
Como podemos nos afinar somaticamente para poder discriminar e apreciar os componentes deste ruído?
Como cada um viveu esse acontecimento?
…esse barulho…meu coração bate … como quando pequeno em escola de samba…
… parar e ouvir…
… barulho, música … sou muito auditivo.
1º. passo = o que é?
2º. passo = como é, em relação à sua anatomia como um todo?
Paulo – …contrair nas têmporas, proteger os ouvidos, ouvidos não tem pálpebras …
Regina – …tudo é envolto em tecido conjuntivo, como num papel-filme vivo, o tecido conjuntivo traz tudo junto em cada ação …respiração,tudo….exterocepção, interocepção e propriocepção acontecendo ao mesmo tempo, sou chamado por um acontecimento…
há sempre uma resposta motora para tudo o que está acontecendo – a continuidade da forma segue em fotogramas tridimensionais formando nossa continuidade no tempo.
Quando se faz uma forma de contrair as têmporas, por exemplo, todo o resto se inclui ….
Denise: …superfície, mesoderma, tubos encolhendo.
Regina: … e o que mais acontece? … estamos fazendo um exercicio de captar uma resposta ao vivo…vamos ficar em pé… é mais fácil captar assim a sua postura ereta inteira respondendo …
… agora eu vou repetir e intensificar muscularmente, percorrendo o espectro…. de mais para menos, de mais expansão para mais contração da forma captada, de mais tonus para menus tonus …O cérebro motor assim vai poder registrar a sequencia de formas contida em cada ação.
Experimentando receber o barulho e as pequenas respostas…
Como eu espero? Como é design muscular do meu padrão de espera? E como daí recebo os barulhos mais graves, por exemplo? … Seguimos esboçando respostas em micromovimentos… como num pequeno butô…
Como a forma faz para essa sonoridade reverberar dentro?
Estamos captando em nosso organismo como os músculos fazem para eu faça isso … desfaça….
E vamos repetir a resposta…. coloquem os músculos naquela organização, naquela formatação …. tubo dentro de tubo, superfícies, partes ….e esperem… acumula-se novamente uma certa excitação, cria-se novamente aquela resposta …tubos dentro de tubos, reverberando …. cada micro movimento, cada micro ação, cada micro resposta ….a forma está sendo modelada… e a pulsação está sendo modelada pelas micro ações sobre o si mesmo ….
4º passo:esperamos mais um pouco e logo teremos disponibilizada para nós a experiência dessa forma que captamos…
Rodrigo corpando a agregação dos tecidos
Rodrigo – hoje cheguei aqui no pior estado.. o que eu chamo de articulações soltas, porque é comum já em mim e de muito tempo… eu sinto que todas as minhas articulações estão flutuando e como balão podem se dispersar a qualquer momento… e não encaixam… é horrível…é um distanciamento de tudo…
Regina – e como as carnes se organizam?
Rodrigo – não tem, só ossos e articulações soltas… às vezes eu passo dias assim…
Regina – levante para começarmos uma construção a partir dos ossos…
Rodrigo – (levanta) estão todos flutuando.
Regina – a gente vai trabalhar músculos, articulações, tendões e ossos…
Regina – levanta o seu peso pelos braços… vai trazendo…
Rodrigo – (senta e levanta)…
Regina – e vai você arrear seu peso… lentamente…. o seu próprio peso, a sua estrutura…
Rodrigo – vai dando um calor absurdo, é uma combustão…
Regina – vai experimentar os músculos usando o oxigênio para fazer esse serviço…
Rodrigo – vertigens todas…
Regina – vamos experimentar as vertigens e deixar as vertigens te envolverem…vai ser movido na sua estrutura pela vertigem…. (Thais co-corpa levantando …)
Rodrigo – posso tirar a blusa?
Regina – vê se a vertigem está aí…
Rodrigo – agora estou mais firme… os balões já não são mais balões…
Regina – você sabe como vai parar nesse lugar sem músculos e com ossos soltos?…
Rodrigo – é um caminho longo, vários acontecimentos vão gerando isso… tem a ver com sair de mim, me perder fora nas coisas todas…
Regina – agora apareceu uma cara que eu não tinha visto ainda…
Rodrigo – agora estou aqui, ouvindo, sentindo as pessoas…
Regina – vê que peso tem isso … (joga uma caneta para Rodrigo…)
Rodrigo – nenhum…muito pouco…
Regina – vê se tem diferença da mão que está vazia e da mão que tem caneta… experimente como os músculos fazem um ajuste fino para interagir com o peso da caneta ou para agir sem carregar nenhum peso…
deixa uma mão quieta, a mão sem o peso, e você vai fazer algumas coisas e ver como esse peso vai chamando uma pequena diferença…
essa pequena diferença vai se introduzindo e você começa a fazer algo um pouquinho diferente… uma pequena mudança no conhecido…
veja como isso afeta o tônus das suas pernas, o tônus da sua barriga, da sua língua, dos seus pés… vá captando esse pequeno pulso….
o tônus das suas costas, do seu ombro, o tônus dos seus ombros, veja como os músculos vão vestindo cada vez melhor os ossos…
Rodrigo – a cada movimento de braço e mão, tudo sai do lugar e encontra outro lugar…
Regina – a gente está conversando de camadas, de tecidos, de mesoderma, de endoderma, a gente está trazendo aqui a nossa gramática…
agora, muda a caneta de mão… comece a experimentar o peso com a outra mão. Veja que tem uma pequena resposta da gravidade, um pouquinho diferente,a form a como um todo responde à gravidade com um pequeno acréscimo de peso… 10 gramas no máximo.
Com essa canetinha a sua estrutura ficou 10g mais pesada e tem uma resposta diferente, veja como a musculatura ao longo da evolução selecionou resposta finas para fazer face a entropia.
Rodrigo – agora veio uma sensação ótima de enraizamento… era o que estava faltando…
Regina – a sensação de estar, de brotar… que maravilha… da força da gravidade que te suga para a terra…
Educação de Agentes Formativos
Educação de Agentes Formativos
O Laboratório do Processo Formativo não certifica nem autoriza ninguém. Trata-se de um contrato adulto e formativo de produção de conhecimento e corpos, onde cada um se potencializa para o seu campo de ação.
A educação de agentes formativos se compõe de passos interdependentes:
- O Seminário de Biodiversidade Subjetiva (ao qual só têm acesso os participantes da degustação). Acontece em quatro semestres, com encontros durante um fim de semana a cada dois meses. Confira o programa.
- Corporificando a Experiência: encontros quinzenais nas sextas feiras, das 10 às 12h, de aprofundamento do conhecimento adquirido no Seminário, transversalizando a vida profissional e teórica de cada um.
- Grupo Pesquisa de Dança Formativa coordenado por Regina Favre e Beto Teixeira: encontros mensais com pessoas que já passaram pelo Seminário, em vista de extrairmos dança e coreografias dos corpos formativos.
Novos programas a serem oferecidos em breve:
- Aprofundamentos específicos: Ciência do Processo Formativo (bases de biologia molecular e neurociência), com Regina e Saulo Cardoso; Vídeos de Stanley Keleman no Brasil (Regina e Sandra Taiar); Exercícios Formativos e sua Tradição Somática (Regina e Johannes Freiberg). Estes grupos estarão abertos também a pessoas que pensam corpo, estudam corpo e praticam corpo em suas respectivas áreas.
- Publicando: introdução à tecnologia digital e ao método de captação e registro da produção de conhecimento em grupo, supervisão da aplicação do modelo do Laboratório para a produção de blogs e sites para a publicação de si. Regina Favre com Steve Matalon e Lucia Freitas.
Giba
… desautomarizar… a forma está lá e funciona… assim ou assado… porque é da forma funcionar…