Saulo – vamos dar continuidade ao que conversamos no primeiro encontro.
Vamos sempre ampliando. Não é uma construção linear.
Regina – O que nos importa aqui no nosso Seminário, é sempre aprofundar a sintonia com o fato de que estamos continuamente formando a nós mesmos e a nossos ambientes. Isso tem enormes consequências na nossa relação conosco mesmos, enquanto corpos e com os outros corpos.
Experimentamos aqui, finamente, ajudados pela nossa linguagem e as tecnologias caseiras que utilizamos em nosso pequeno aquário, a evidência em nós dos corpos se fazendo continuamente, dentro da realidade de um pequeno ambiente também se fazendo. Podemos já sentir, a essa altura dos nossos encontros, que somos parte de um campo formativo universal. E de muitos outros campos formativos de diversas extensões.
Já pudemos sentir aqui, também, muitas vezes em tão pouco tempo, o processo formativo da vida de cada um, dentro dos jogos de força sociais. Já sentimos também a força dos processos biológicos primordiais.
Hoje, o Saulo está nos ajudando a sintonizar com o ambiente imenso e suas forças.
Estamos lá, como num Google Map, no meio da imensa muvuca universal, formando nosso pequeno mundo.
Saulo – O que nos importa aqui são os campos formativos. Trazemos conceitos da ciência para nos sensibilizarmos. Não sou especialista, sou um estudioso. Venho primeiro estudando e depois colaborando com a Regina, há 15 anos. Como nós já dissemos de outras vezes, o que importa é o olhar contemplativo sobre esses dados da ciência.
Vamos falar em escalas. E senti-las. Vamos falar de cosmos vamos e mostrar imagens do Hubble… das massas de nuvens de hidrogênio vamos chegar em partículas, do micro ao macro. É maravilhoso e ao mesmo tempo assustador.
Começamos no atômico, em partículas. Depois, veremos como no vivo é parecido. Temos o genótipo que é micro e o fenótipo que é macro. O fenótipo é a encarnação do genético que se modela inteiramente nos ambientes onde vive e se desenvolve.
Regina – quando você fala do universo e do campo biológico, não é que um dia foi. Continua sendo. O molecular, o atômico, jorrando universo, jorrando, do simples ao complexo. Isso dá um outro sentimento. A gente extrai da contemplação da ciência esse sentimento do continuamente produzindo, a gente se sente no processo de babar a si mesmo, de secretar mais de si, sempre, e linhas de continuidade da nossa vida… tecendo os mundos… junto com outras forças ali presentes.
Experimentamos isso hoje de manhã.
Saulo – Vou pedir para vocês reconhecerem o campo de excitação que está presente. Que qualidades de excitação estão presentes em cada um de vocês, em cada um de nós. Que intensidade excitação temos neste campo? É um campo de interação e de troca. Hoje coloquei o tema da Energia e falar de excitação é energia.
Excitação, Energia, Imantação:
Vamos misturando conceitos da física aqui.
Energia, a definição da energia é da Física. É uma grandeza física, que só é definida na interação entre dois sistemas físicos.
Vamos pensar em escalas moleculares e macro, e graus entre uma e outra.
Vamos falar em energia segundo a Física.
Energia Cinética: é ligada ao movimento. O primeiro princípio da termodinâmica diz que uma energia se transforma em outra e nunca se perde. Está sempre se transformando em algo, passando de uma para outra.
Porque está passando de um tipo para outro continuamente. Estou com muita excitação no cérebro, nos músculos, no endoderma… são qualidades diferentes da mesma excitação.
Energia Potencial: são todos os outros tipos de energia: atômica, elétrica, eletromagnética.
A Física Mecânica de Newton não tinha essa concepção.
No século XX, Einstein, faz a equação E= m.c2.
Quanto mais massa, mais velocidade, mais energia.
Mas, quando chega no molecular, é diferente.
Um átomo tem muita energia e a partícula tem pouca massa. E a velocidade é enorme. Porque as partículas estão navegando em alta velocidade.
Ao separarmos um elétron, vamos ver que ele emite uma partícula que é o fóton.
A principal energia que vamos trabalhar no vivo é a eletromagnética.
A natureza da energia é dual.
Ela é partícula e onda ao mesmo tempo.
Isso é um postulado, uma hipótese, tanto a natureza dual da energia quanto o formato do átomo. A ciência é feita por hipóteses que vão sendo confirmadas pela tecnologia.
Modelo Padrão da Física de Partículas
4 tipos de campo
Gravidade
Eletromagnetismo – é a mais comum para nós. A eletromagnética, qualquer partícula que tem carga ela emite ondas eletromagnéticas.
Força Forte – dentro dos nêutrons e prótons há os quarks que se juntam pela força forte.
Força Fraca – é a que atrai o elétron e o núcleo
Regina: Vamos parar e contemplar a descrição desse campo de forças onde o vivo e os corpos estão imersos nisso, feitos disso, são parte disso, em estado de mais ou menos agregação…
Saulo – O sol… dentro da estrela-sol existe concentração de hidrogênio, calor imenso… isso gera explosões. Funde-se o hidrogênio, produz-se o hélio que é o gás mais leve e gera-se luz.
Saulo: Ao mesmo tempo em que gera fusão, libera luz, que é onda e partícula eletromagnética. A partícula de luz se chama fóton.
Regina – … que gera calor e gera luz para produzir a vida.
Aluno – A energia que é livrada é a energia da força forte.
Saulo – no átomo de hidrogênio tem prótons e dentro do próton tem os quarks.
Vamos pensar que existe a primeira força que a é a força que une os quarks dentro dos prótons e nêutrons.
A gravidade é fraca, mas quando vamos para o macro ela é forte.
Outro aluno – no nível macro um corpo orbitando em torno do outro é força da gravidade.
Saulo – mas no micro atuam as forças fortes e fracas.
A força eletromagnética é a mais comum para nós. Qualquer partícula que tem carga, emite ondas eletromagnéticas.
Saulo – estamos falando de fluxo. O Big Bang é uma condensação energética que concentrou tanto que explodiu. Isso resulta um fluxo de alto calor.
Calor. Concentração de Energia. Energia Cinética. Movimento em alta velocidade. Não havia matéria conhecida porque havia muito calor.
Vai diminuindo a velocidade e caindo a temperatura… começa a surgir a força da gravidade. Diminui a temperatura surge o que vai unir as coisas.
Quando esfria e lentifica, propiciam-se esses outros campos.
A excitação em nós
Regina – vamos ficar um pouco em pé e sentir a excitação e ir acontecendo com a excitação . Cada um carregado de energia. Da vontade, de paciência, de impaciência… a esse começo de exposição, de viajar nas narrativas.
E a gente vai usar o que já estamos sabendo sobre o como, o reconhecer e o se apropriar das respostas involuntárias, da forma que já se apresenta antes que a gente escolha. De se apropriar da distribuição dessa intensidade. Captar postura, forma, comportamento, ação, condensados nesse comportamento presente.
E a gente vai descobrir como o corpo se comporta na produção do conhecimento.
O conhecimento implica no adiamento da ação e na contenção da excitação. Mas alguma coisa a gente precisa fazer com essa excitação não é só conter e adiar. Como vamos lidar com isso e entender o sentido do meu modo de espera para poder produzir conhecimento. Uma das grandes questões do aprender é a espera.
A gente está em plena excitação que pensar no universo produz em nós… queremos saber tudo.
Vamos mostrar paro o grupo como esta excitação produz uma certa prontidão para uma certa ação. Vamos captar a distribuição da excitação e a gente vai ver como saber também essas coisas é importante. Dar-se conta disso quando a gente tem que ler, quando tem que ficar quieto para aprender. Como conhecer o comportamento do bicho quando ele está lidando com imagens e ideias. Nós somos um bicho que lida com ideias. Mas é o bicho.
Vamos mostrar o esboço da prontidão. Cada um vai mostrar o que a sua forma excitada faz. Para mostrar, intensifica-se exatamente o que se está fazendo… torna visível, sustenta visibilidade para o grupo… e em vozes, vamos descrevendo…
A fisicalidade da ação mental
Aluna – Eu fico esfomeada de saber, eu quero dar um bote logo, quero agarrar logo a coisa… é um gato caçando um rato que está passando
Sergio – a minha sensação e de ter que abrir espaço para entrar mais coisa..
Regina – estufado…
Sergio – aí vou sentindo que vou ficando menos denso, o olho abre e o peito abre…
Regina– quando a gente intensifica, a gente vai diante…
Ana Paula – estava aqui.. pra cima….
Mariana – eu sinto camada ecto… a energia tem que subir e vem por traz da cabeça… muito cheio… a barriga pediu atenção… energia nas vísceras pulsando… acho que era uma distribuição do que estava tudo na cabeça.
Regina – vamos ver a fisicalidade do esforço mental…
Mariana – parece esvaziar de algum lugar e passar para outro
Regina – tirando do visceral e investindo no neural.
A percepção da gravidade
Ligia – um esforço para ficar de pé, um batalha entre partes…
Regina – A Mariana mostrou que a atenção é uma ação antigravidade, de sustentação do esforço. A entropia puxa a gente para a comodidade mas a gente luta continuamente contra a entropia.
Quando a gente para e capta o que estamos fazendo, já é um super começo de mudança de direção.
É sempre o bicho.
Regina – Quem mais descreve o bicho…
Inês – orelhas imensas, luz na cabeça… mundo das palavras…
Regina – orelhas enormes para decodificar o som.
Inês – que palavra esquisita captou da com a orelha… Quark…
Regina – vamos nos bichos… quanto mais imaterial mais complexo é o bicho…
Inês – mas o conhecimento não é o bicho?
Regina – não claro que não, mas é o bicho é o bicho conhecendo, é comportamental a relação com o conhecimento.
A excitação do conhecimento
Leila – fiquei pensando que fosse a energia que vem e depois perdesse o registro com o resto do corpo e ficasse concentrada aqui. É como se a cabeça ficasse pulsando… era um embarulhamento… e uma hora eu tinha que rir… tinha que ser expresso de outra forma. Comecei a sentir calor, calor, fiquei imaginando as pessoas aquecendo, aquecendo e virava explosão…
Regina– não é um barato nisso? Transformar isso numa energia cinética imaginária…. uma excitação tão grande que fantasiou uma grande explosão de gente. A partir de uma excitação incontrolável.
É importante ver como a imaginação está associada a micromovimentos que a gente não capta. As prontidões que geram imagens, que geram fantasias.
Maria – sinto que minhas pernas e quadril ficam concentradas como se eu estivesse grudada no chão. Fico fazendo movimentos arredondados para liberar essa quantidade de energia dessa região… aí como se subisse, passasse pelo esôfago e saísse….
Ingrid – fiquei tentando experimentar um pouco… alguma coisa que tivesse que me mover um pouco …. um calor de novo… vir de dentro e fundir… ao mesmo tempo deixar os tentáculos livres para captar.
Eu dei uma desconectada, fui e voltei… vieram palavras como energia, estrela, interação… depois fiquei brincando com as palavras na minha cabeça… depois guardei as palavras.
Regina– ações maiores e menores para usar a energia cinética…
A luz: do universo até nós.
Inês – penso nas explosões solares… acho que isso traz luz… gosto de pensar que isso produz luz…
Saulo – é importante entender é que a luz vem para cá e que está relacionada com vida. Os fótons são captados pelas plantas, as organelas das plantas captam os fótons e transformam os fótons em elétrons de alta energia. E a gente se alimenta disso. Os fótons entram no organismo animal e se transformam em ATP…
Saulo – vem a luz do sol… os fótons vão incidir nas folhas… podemos ver no microscópio as organelas chamadas cloroplastos.
Os cloroplastos pegam o Co2, a água e essa mistura vai dar a glicose.
Saulo – A luz é energia. A molécula de glicose é C6 H12 O6 são seis moléculas de gás carbônico e seis de água. Glicose e fostato, vão formar glicofosfato. É uma substância. Entra fósforo com carbono que uma é ligação de alta energia… é quem dá alta energia…. é a luz do sol entrando.
O elétron gira ao redor do núcleo, caótico, ele gira no orbital. Em física quântica é a probabilidade. A física quântica aplicou a matemática na física.
O elétron tem determinado nível de energia para estar girando ali. Se for bombardeado com fóton, ele carrega de energia o elétron. Ele aumenta a energia e pula de orbital, gira fora do orbital dele e volta de novo para o lugar dele, emitindo fóton. E o fóton vai ser captado.
A respiração na célula
Regina – Onde está o fóton?
Saulo – essa energia que vamos comer da planta, vai entrar, vai ser digerida e ser absorvida pelas células do corpo todo. O que a gente chama de respiração celular, no animal, vai ocorrer dentro a organela do animal chamada mitocôndria. Todas as células tem mitocôndria.
A gente come, mastiga e digere. O intestino delgado absorve, quebra a molécula de glicose 6 fosfato, volta a ser água e gás carbônico. Libera água dentro do corpo, solta gás carbônico pela respiração. Separa-se uma molécula chamada ATP. É uma molécula pequena, com DNA grande, condensador da energia.
Regina – Notem que o grupo perdeu o medo de conhecer, neste momento.
Foi-se o excesso de excitação física. Estão podendo se deter, agora, e ir fazendo uma construção mental com as palavras do Saulo.
Saulo – a única molécula que recebe os fótons é o ATP, o ATP (trifosfato) é uma bateria. O ATP está sendo transformado, em ADP (difosfato). Perde o fosfato vira energia em energia para falar, comer, mexer. As moléculas básicas do corpo são feitas de carbono.
A respiração em nós
Regina – como vocês estão podendo respirar o ambiente?
O ambiente está menos liquido e mais aéreo, como as pessoas estão podendo respirar juntas o ambiente… e cada um vai contar a experiência de respirar nesse momento… eu estou respirando como se a respiração fosse comida, está muito saborosa a minha respiração.
Inês – para mim está ampla, maior.
Ingrid – está interessada. Está longa, longa pra dentro…
Regina – grandes goles…estou respirando enorme…
Maria – a minha é redonda, enorme, parece um tufão…
A fisicalidade do conhecimento
Regina – a gente não está mais resistindo a ficar parado… não estamos mais resistindo a fazer circular o que o Saulo está soltando no nosso aquário.
Bruna – antes estava muito quente… agora estou percebendo que está entrando e circulando .
Regina – o muscular estava resistindo… o bicho estava doido… enquanto não demos espaço para o bicho, não rolou.
Inês – ouvi uma vez um físico falando que somos filhos das estrelas e irmãos das pedras. Porque somos feito de carbono. O carbono é liberado pelas estrelas…
Bonito não?
Saulo – uma coisa que o telescópio Hubble fez foi revolucionar o pensamento porque começou a fotografar galáxias lá do começo do universo. Coisas que não tinha sido imaginado. Uma das hipóteses é que o Big Bang continua… estrelas nascendo e morrendo. Isso é recente. Nós somos seres da luz. De fato.
Sergio – essa narrativa é uma mitologia.
Saulo – é uma mitologia, por isso os saberes não são únicos.
Ligia – e esse ATP e daí?
A fome de saber
Regina – vamos ver como a curiosidade se expressa a nível de comportamento. Que fome é essa? Quero julgar? Quero ouvir? Quero aplacar alguma coisa?
Maria – vem como uma onda de ir continuando, me excita mais, saber, saber.
Inês – me alimenta…
Regina– quem mais descreve? Assim o conhecimento se processa aqui.
Sergio – pra mim contemplação, sinto sempre leveza, me sinto nas orelhas, uma expansão e uma leveza os olhos se abrem diferente. Entra mais luz…limpei os óculos, senti o vento…
Regina – seu corpo está muito sossegado.
Ingrid – fica quente, a temperatura aumenta. Não é tenso.
Regina – uma excitação gostosa?
Ingrid – circulando, deixando tudo acordado.
Ligia – sinto os olhos.. parece mais poroso, mais disponível para a entrada. Estou tendo a percepção do olhar, dos ouvidos e vendo como essas informações podem se acomodar para que fiquem. Me incomoda muito, ter a vivencias e puf.. não viveu. Estou querendo viver e não quero que se esvaia…
Regina – essa é uma experiência sua e de muita gente… a gente pode entender de maneira formativa….Como dar durabilidade para algumas coisas que eu aprendo?
Dar durabilidade é importantíssimo. O que um corpo quer é durar até o fim.
Inês – mas tem o direito ao esquecimento.
Lili – para mim ajuda pensar em lentificar, esfriar, condensar.
Bombear-se
Saulo – a respiração pulmonar… entra O2, sai CO2.
Regina – vamos sentir como a respiração expande o corpo inteiro por um aumento de pressão interna. Depois o organismo recolhe como a medusa.
Vamos experimentando ir até as extremidades, com essa experiência de enorme excitação, cada respiração…. lembra que é o vácuo que suga e não é uma força. O ambiente se enfia na gente através do vácuo. É outro conceito de respiração.
Inês – o grande movimento é o da expiração para criar o vácuo.
Sergio – o O2 acende o fogo, o CO2 apaga o fogo.
Regina – como cada um vive sua respiração? A forma que bombeia dá a experiência dao presente.
Saulo – a respiração é metabólica… ela não é só daqui… ela é sanguínea, ela é da circulação da excitação.
Sergio – ela articula coisas…
Regina– Cada um podia ir contando o que é o respirar para si…
Ingrid – estava pensando que respirar é desintoxicar, aliviar. Sempre falo que vou dar um expiro quando preciso dar uma aliviada. Quando a coisa tá punk a respiração faz a gente conectar melhor com o ambiente …
(todos sentindo…)
Bombeamento e propulsão
Regina – a partir, daí se bombeasse criaria uma pequena propulsão…
Regina (levanta): eu vi o Sergio nadando agora…. vamos experimentar essa coisa da propulsão. Entender que movimento não é apenas um deslocamento, é uma auto- propulsão da bomba pulsátil. Tem um bombeamento que se modela numa propulsão com forma.
Se a gente decide mentalmente… epa, vou levantar… tem aquela hora… levantei…
Olha o focinho grudado na atmosfera.
(Regina faz a propulsão)
Deixar o fole sugar o ambiente pelo focinho….os músculos, a baba, a fáscia… aí vai….
Inês – a noção de ritmo é muito importante…
Regina – os músculos regulando a respiração dão o ritmo.
E quando tem medo? A performance respiratória.
Regina – resposta emocional com a respiração… vamos tocando o oboé … vamos… tentem fazer a partitura da bombeada… fazendo e narrando.
O focinho no ambiente, o oco que puxa, os corpos imersos no ambiente… a emoção é a forma da conexão com o ambiente…. pensem em todas as camadas…
Caio – conexão respiratória com o ambiente, quase como se o pulmão fosse a pele. O ar entrando, uma relação muito direta com o meio, com o ambiente.
Regina – performa um pouco a sua respiração para mim, Caio… quero que você se mostre respirando. Mostre-se respirando.
Vamos ver como a gente é afetado pela respiração do outro.
Como a gente viver num mundo de respirantes sem um sufocar o outro?
Erika – como a respiração estranha é tão desconfortável ….
Ana Paula – eu estava tentando fazer a sua respiração. Co-corpando…
Regina– eu fiquei preocupada como ele ia encher.
Caio – eu também não sabia como ia encher.
Ana Paula – tenho que fechar mais a boca para ficar em mim.
Regina – talvez você fique preocupada para não esvaziar…
Ana Paula – eu estou preocupada… com muita excitação, aqui cresce… tem uma vontade grande ficar aqui… largar o que está literalmente tremendo…
Regina – Ana Paula tremendo…
Ana Paula – um pouquinho menos…
Regina – a clavícula vai descendo e você vai se aproximando de um tremor que é o efeito da excitação de estar aqui se compartilhando com as pessoas…
Dafne – a minha expiração é como um gozo….quanto mais perto chega, mais dolorido.
Regina – parece a Clarice Lispector, a quase dor de estar viva.
Dafne – dor do choque de forças… uma que quer expandir e outra que quer contrair. Parece que se deixar a inspiração nunca termina, como um balão que vai enchendo, enchendo…
Regina – veja o que acontece quando chega até o limite…. a elasticidade da membrana te traz de volta… a medusa está na gente… agora quase boiando em uma água mais calma… agora…
Os corpos respondem, conversam
Inês – a imagem da medusa boiando produz o sono…
Maria – eu estava de olhos fechados….tinha imagem de uma imenso olho… com cílios enormes… é fechar os olhos e aparecer esse olho enorme…. tem um pulso…
Erika – estou com nariz super entupido.
Ingrid – é normal que a gente se sinta mais confortável no movimento de inspiração? Expiração para mim é mais confortável. Eu gosto de esvaziar, mas adoro quando tomo aquele golão de ar….
Bruna – eu gosto mais da expiração também, na inspiração me conecto menos. A conexão comigo a respiração é uma das formas para ter essa conexão.
Erika – para mim é a ex. A in é quase sufocante.
Maria – gosto de sorver.
Ingrid – para mim, puxar o ar tem um limite assim… soltar é mais longo, continua mais.
Mariana – eu gosto muito da ex. A ins parece que tem que ter esforço maior. E vai tranquilo e só é possível por causa da ins.
Regina – à medida em que a gente vai construindo a bomba pulsátil, a gente vai vendo como são essas paredes e camadas. Como é a relação profundidade e superfície? A gente vai entendo melhor os corpos que vão se sobrepondo, fazendo camadas , historias de paredes, profundidades, camadas, como e onde se formaram.
Regina Favre
Saulo Cardoso
Fevereiro 2014
Laboratório do Processo Formativo